Pandemia acelera desigualdade: os ricos estão mais ricos e os pobres estão mais pobres
Os Estados Unidos da América são o país com mais casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus em todo o Mundo, mas isso não significa que toda a população esteja a ser afetada da mesma forma. De acordo com a Bloomberg, os mais ricos estão mais ricos do que nunca e não olham a gastos, mesmo em plena crise.
A agência noticiosa refere-se aos 20% mais ricos do total dos norte-americanos, muitos deles com disponibilidade e condições para trabalhar a partir de casa. Além disso, as medidas tomadas pelo governo de Donald Trump ajudam a que o risco dos respetivos negócios baixe, havendo várias ferramentas de mitigação da pandemia também a nível económico: puderam refinanciar as hipotecas com as taxas mais baixas de sempre, compraram segundas casas para fugir das cidades e viram o valor das suas ações e títulos de investimento a subir.
Segundo a Bloomberg, o salto verificado na fortuna destes cidadãos está, em parte, a esconder o impacto negativo da crise sanitária junto daqueles que não têm as mesmas condições e que não conseguem aceder a créditos ou ao mercado financeiro, por exemplo. Neste momento, mais de 10 milhões de norte-americanos não têm emprego e quase 30 milhões passam fome.
«Não houve, provavelmente, uma melhor altura para ser rico na América», afirma Peter Atwater, professor na William & Mary. Citado pela mesma agência, refere que muito daquilo que os legisladores fizeram foi permitir que aqueles que têm mais dinheiro recuperassem mais depressa da pandemia.
A desigualdade social, nomeadamente no que aos rendimentos diz respeito, continua a adensar-se numa das maiores potências mundiais. No caso do emprego, a recuperação dos postos de trabalho para quem ganha mais de 60 mil dólares por ano já atingiu os níveis verificados no pré-pandemia, segundo dados da Opportunity Insights. O mesmo não se pode dizer de quem ganha menos do que isso.
Além disso, quem faz parte das camadas socio-económicas mais elevadas teve a possibilidade de simplesmente redirecionar o dinheiro que antes era investido em entretenimento ou viagens. Quem já não tinha esses pequenos luxos ficou sem margem de manobra.