Paguem por armas para manter a sua liberdade, alertam os cinco países mais gastadores em defesa na Europa
O futuro das democracias da Europa depende do aumento dos gastos militares, destacaram esta semana as autoridades de defesa da Alemanha, Reino Unido, França, Polónia e Itália, após uma reunião realizada em território polaco esta segunda-feira.
“2025 será o ano de acelerar a indústria de armas na Europa, afastando-nos da burocracia que a está a atrasar e a fechar fileiras, pois temos de mostrar unidade para mostrar que levamos a sério valores como a segurança, que consideramos o número 1”, destacou o ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.
A Polónia, que faz fronteira com a Rússia e a Ucrânia, pretende gastar 4,7% do seu PIB em defesa este ano — de longe o maior valor entre todos os membros da NATO. Reino Unido, França e Alemanha gastam perto de 2% — a meta atual da aliança atlântica — enquanto a Itália apresenta apenas 1,49%.
“Temos de gastar mais em segurança para manter a presença aliada dos EUA na Europa”, sustentou Kosiniak-Kamysz. No entanto, a Europa concentra-se mais em como é gasto o dinheiro no que nos valores brutos propostos por Donald Trump, que pretende elevar a fasquia para 5% do PIB.
“Sim, temos de falar sobre a percentagem do PIB que vamos gastar em defesa, mas também precisamos estar muito interessados em como está a ser gasto esse dinheiro, em particular na eficácia real desses gastos”, frisou o ministro das Forças Armadas francesas, Sébastien Lecornu.
Para que funcione, sublinharam os responsáveis políticos,a Europa deve tornar a sua indústria de defesa menos vinculada à regulamentação e unir-se para aquisições conjuntas e melhor acesso ao crédito. “Vale a pena livrar-se das barreiras burocráticas, já que há uma guerra na Europa. Não é possível tratar a indústria da defesa da mesma forma que se trataria a produção de leite”, sublinhou o ministro de Defesa italiano, Guido Crosetto.
O alemão Boris Pistorius rejeitou a meta de 5% de Trump, dizendo que tal aumento de gastos consumiria cerca de 40% do orçamento do Governo alemão. No entanto, acolheu o esforço da NATO de anunciar as novas metas de capacidade da aliança em junho.
O grupo das cinco maiores potências de Defesa da Europa, formado no ano passado e reunido pela segunda vez na passada segunda-feira, tem como objetivo fortalecer a coordenação da defesa num momento de crescente perigo geopolítico. Segundo Kosiniak-Kamysz, a próxima reunião do grupo em Paris discutirá com mais detalhes como financiar o desenvolvimento da indústria de armas da Europa, a fim de torná-la um “volante” da economia do continente.