“Os ativos de risco em todo o mundo caíram, as ações e as matérias-primas desvalorizaram e os spreads de crédito aumentaram”: A análise de David Brito

O discurso hawkish da Reserva Federal norte-americana mostrou que as subidas das taxas de juro podem ainda não ter chegado ao fim, numa altura em que se assiste a um disparar das taxas de juro em todo o mundo.

“Os ativos de risco em todo o mundo caíram, as ações e as matérias-primas desvalorizaram e os spreads de crédito aumentaram. O impacto nos mercados cambiais foi misto. O dólar recuperou contra os principais pares, mas as tradicionais moedas de refúgio, como o franco suíço e o iene japonês, acabaram por desvalorizar na sequência dos discursos “dovish” dos respetivos bancos centrais”, explicou à Executive Digest o Diretor-Geral da Ebury, David Brito.

E depois das decisões dos principais bancos centrais, depois das suas reuniões de setembro, as atenções estão agora voltadas para os dados económicos, com os reguladores a esperarem que as políticas monetárias em vigor sejam suficientes para abrandar a inflação de forma sustentada

O relatório do IPC de setembro para a zona do euro serão os dados mais importantes a serem revelados esta semana, seguido do relatório de inflação PCE de agosto dos EUA. Ambos estão previstos serem publicados na sexta-feira.

No que respeita à moeda única europeia, esta perdeu terreno em relação ao dólar americano na semana passada, mais uma vez, “mas pelo menos o ritmo de desvalorização está a abrandar, e a moeda comum pode ter encontrado suporte em torno de 1,06”.

“O contraste entre o dinamismo da economia dos EUA e a estagnação da economia europeia, e o pessimismo sobre a recuperação económica da China são sérios ventos contrários para a moeda comum. No entanto, pensamos que os atuais níveis da moeda já representam um cenário bastante sombrio”, considera a Ebury.

Os mercados estão à espera de uma queda significativa nos níveis principais e de base. “Qualquer falha nesta frente poderia provavelmente estimular uma forte recuperação do euro, uma vez que as expectativas de novas subidas estão a ser avaliadas”, acrescentam.