OMS confirma descida de novos casos pela terceira semana consecutiva
Os casos globais de Covid-19 estão a diminuir há já três semanas consecutivas, mas a distribuição desigual de vacinas pode atrasar a recuperação económica mundial e deixar os países em desenvolvimento ainda mais para trás, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Registaram-se 3,7 milhões de novos casos de coronavírus a nível global durante a semana que terminou a 31 de janeiro, uma redução de 13% em comparação com a semana anterior, de acordo com o último relatório de situação da OMS. As mortes por Covid-19, por sua vez, registaram uma quebra de 1% ao longo da semana.
São boas notícias, considerando que se esperava que os casos globais ultrapassassem os 5,5 milhões por semana, ainda assim, mais de três milhões de novas infeções «é uma quantidade terrível», disse Mike Ryan, diretor executivo do programa de emergências de saúde da OMS.
«A chuva diminuiu, mas o sol ainda não apareceu», disse Ryan durante uma sessão de perguntas e respostas ao vivo na sede da agência em Genebra. Também Maria Van Kerkhove, especialista em doenças infecciosas da OMS alertou: «A transmissão baixou em muitos países, mas não nos podemos esquecer de como chegámos a isto, o preço que pagámos».
Apesar deste cenário mais otimista, os especialistas do organismo internacional alertaram que novas variantes altamente infeciosas do vírus, identificadas pela primeira vez no Reino Unido, África do Sul e Brasil, podem contribuir para alimentar surtos já violentos em países ao redor do mundo.
Um vírus de transmissão mais rápida poderia levar a mais infeções, acabaria por causar mais hospitalizações e mortes, espalhando-se sem controlo. Mas mesmo em áreas onde as variantes surgiram, os casos estão em declínio, disse Van Kerkhove.
No Reino Unido, que identificou a variante B.1.1.7 em dezembro, os casos caíram 31% em comparação com a semana anterior, de acordo com o relatório da OMS. Da mesma forma, na África do Sul, que também descobriu uma variante semelhante chamada B.1.351 no ano passado, os casos diminuíram 44%, disse o relatório.
“Isso é importante porque as pessoas ficam com medo quando ouvem mutações, mutantes e variantes”, disse Kerkhove. “Não podemos baixar a guarda. Não podemos desistir. ”
O surgimento de novas variantes do coronavírus não foi uma surpresa para os cientistas, que consideram normal que os vírus sofram mutações à medida que se espalham. Contudo, os especialistas estão preocupados que algumas das estirpes, especificamente a variante B.1.351 encontrada na África do Sul, possa representar um risco para a eficácia das vacinas e tratamentos atualmente disponíveis.
As farmacêuticas afirmam que as suas vacinas ainda devem funcionar contra as novas variantes, mas especialistas em saúde sublinham que é importante conter a disseminação do vírus para evitar mais mutações enquanto os países distribuem o fornecimento inicial de vacinas Covid-19.
No entanto, nem todos os países têm acesso igual aos medicamentos que salvam vidas, o que pode contribuir para atrasar a recuperação mundial. Dos países que começaram a distribuir doses à sua população, a maioria deles são países de altos rendimentos, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.