OMS alerta: Estamos no mínimo a 4 ou 6 meses de uma vacinação em massa contra a Covid-19

Por entre a onda de notícias positivas sobre os resultados dos testes de imunização, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta, esta quarta-feira, que as vacinas por si só não vão fazer desaparecer a Covid-19 e as campanhas substanciais de vacinação apenas ocorrerão dentro de quatro ou seis meses.

Mike Ryan, diretor de operações da OMS, destacou que a vacina será um “enorme instrumento extra” para lutar contra a pandemia. Mas, reforçou, que “é uma ilusão pensar que a vacina será a solução definitiva e insiste que as doses não chegarão a grande parte da população a curto prazo”.

“Teremos mais 4 a 6 meses até que haja uma vacinação substancial”, ressalvou.

As mais recentes projeções indicam que cerca de mil milhões de pessoas poderão ser vacinadas até o final de 2021. Mas, no primeiro semestre, o abastecimento será limitado.

Documentos internos da aliança internacional para as vacinas contra a Covid-19 apontam que adultos e jovens devem ser vacinados apenas em 2022, já que os primeiros lotes terão de ser destinados aos idosos, profissionais de saúde e pessoas com doenças crónicas.

Na OMS, a preocupação que reina nos bastidores é de que os dados divulgados sobre a eficácia de vacinas levem uma fatia da sociedade a abandonar medidas de controlo, justamente num momento em que os números de novos casos batem recorde. Na Europa, os hospitais começam a viver uma situação crítica e o número de mortes voltou a subir.

Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, veio também defender que os governos devem insistir em manter as suas políticas de controle. “A vacina não existe ainda. Mas vimos como certos governos conseguiram agir”, afirmou. “A vacina é a esperança. Mas o comportamento das pessoas também é a esperança”, insistiu.

Para Ryan, o mais central nesta fase crítica é o comportamento de cada pessoa, numa atitude responsável que possa evitar que hospitais entrem novamente em colapso. Na reta final até o início de uma “era das vacinas”, o representante da OMS estima que o número de mortes possa ser travado se houver uma postura consciente das populações.

“A única forma de lidar com esta fase é reduzir a exposição de cada pessoa”, defendeu Ryan, acrescentando que mesmo que haja uma vacina, sem as medidas como o manter do distanciamento social e higiene, não haverá uma eliminação da doença”. “Mas com o distanciamento, higiene, cuidado e vacinas, podemos ir longe”, concluiu.