O “projeto do século” ou “um absurdo”?: Restauro de uma das pirâmides de Gizé está a gerar polémica
Arrancaram as obras de renovação da pirâmide de Mykerinos, no planalto egípcio de Gizé, e mal foram reveladas as primeiras imagens do processo, gerou-se grande polémica no país. Descrito pelo Governo como “o projeto do século”, nas redes sociais está a ser classificado como “um absurdo”.
Na semana passada, o chefe de Antiguidades Egípcias Mostafa Waziri mostrou trabalhadores a alinharem grandes blocos de granito na base daquela que é das famosas três pirâmides de Gizé (neste caso, a mais baixa).
A imponente estrutura era originalmente revestida a granito mas, com o tempo e ação erosiva, a cobertura foi caindo, pelo que o novo projeto de restauro quer devolver a aparência original à pirâmide.
A renovação durará, indicam os responsáveis, “três anos” e é fruto de um esforço conjunto entre Egito e Japão. Irá permitir ver “pela primeira vez, a pirâmide de Mikerinos tal como foi construída pelos antigos egípcios”.
A publicação das imagens nas redes sociais depressa levou a reações, em grande parte negativas: “Não é possível”, “Quando vamos acabar com estes absurdos na gestão do património egípcio?”, são alguns dos comentários deixados.
“Só falta um projeto para endireitar a Torre de Pisa”, ironiza outro internauta, enquanto uma utilizadora de Facebook escreve que “em vez de granito, porque não papel de parede” a forra o exterior das pirâmides.
Os especialistas também se dividem quanto à intervenção. Hussein Abdel-Basir, diretor do Museu de Antiguidades da Biblioteca de Alexandria diz que tudo deve ser feito “com muita cautela, tendo em conta várias questões, incluindo se isso mudará a natureza da área, se é uma necessidade urgente ou uma prioridade, e qual é o grau de perigo”.
Ao mesmo jornal, Salima Ikram, professora de egiptologia na Universidade Americana do Cairo, diz que a “ideia de cobrir a pirâmide com as próprias pedras que caíram dela pode ser aceitável”, mas há questões a analisar, como se existem pedras suficientes para cobrir toda a estrutura, e estudar qual a localização em que cada uma deve ser colocada.
A responsável termina recomendando “extrema precisão” nos trabalhos de restauro e que ainda “são precisos estudos muito aprofundados” para garantir que o resultado final é o que se pretende.