O ouro (afinal) não é para sempre… Mais de 100 atletas devolvem medalhas dos Olímpicos de Paris por se estarem a desfazer
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024, amplamente aclamados como um sucesso desportivo e organizacional, enfrentam agora um problema inesperado: as medalhas entregues aos atletas estão a deteriorar-se. Mais de 100 atletas já apresentaram queixas ao Comité Olímpico Internacional (COI) devido ao estado das suas medalhas, que apresentam sinais evidentes de desagregação, manchas e desgaste prematuro.
Desde o verão passado, quando as medalhas foram entregues, vários atletas começaram a notar que estas já não se pareciam com os símbolos de conquista que receberam em Paris. Em vez disso, a sua aparência deteriorada assemelha-se a relíquias antigas, comparáveis às medalhas dos Jogos Olímpicos de 1924, também realizados na capital francesa.
Segundo o jornal investigativo francês La Lettre, o problema parece estar relacionado com um verniz defeituoso utilizado nas medalhas. Este verniz foi introduzido em substituição de outro material que continha trióxido de crómio, uma substância química poderosa mas carcinogénica. Embora a mudança tenha sido motivada por razões de segurança, os resultados deixaram muito a desejar.
A principal vítima: medalhas de bronze (mas não só)
As medalhas de bronze parecem ser as mais afetadas, com vários relatos de desgaste acelerado. Atletas como os nadadores franceses Yohann Ndoye-Brouard e Clément Secchi, bem como a mergulhadora britânica Yasmin Harper, alertaram para o problema ainda antes de deixarem Paris. A situação foi ilustrada de forma clara pela ciclista australiana Natalya Diehm, medalhista de bronze no BMX Freestyle, que constatou danos visíveis na sua medalha menos de uma semana após recebê-la.
Confrontado com as críticas, o COI emitiu um pedido de desculpas formal e prometeu substituir todas as medalhas defeituosas. “As medalhas defeituosas serão substituídas e regravadas de forma idêntica pela Monnaie de Paris”, afirmou a entidade. A substituição está prevista para começar no primeiro trimestre de 2025, após o compromisso da Monnaie de Paris, a casa da moeda francesa responsável pela produção das medalhas.
Quem assume a responsabilidade?
O desenho das medalhas foi encomendado à Chaumet, uma joalharia pertencente ao grupo LVMH, que incorporou uma peça de ferro da Torre Eiffel na parte traseira das medalhas. Apesar das críticas, a Chaumet distanciou-se de qualquer responsabilidade pelo problema, afirmando que não participou na produção das medalhas.
Por sua vez, a Monnaie de Paris contestou o uso do termo “defeituoso” pelo COI, preferindo descrever as medalhas como “danificadas”. “Desde os primeiros pedidos de troca em agosto, a Monnaie de Paris mobilizou as suas equipas internas para resolver a questão”, assegurou a instituição.
A polémica tem gerado piadas nas redes sociais e críticas à organização dos Jogos. O incidente ameaça manchar a reputação do COI e da edição de Paris 2024, que procurava destacar-se pela sustentabilidade e inovação. Além disso, há receios de que o escândalo possa afetar futuros contratos de patrocínio e a confiança do público no evento.
Para muitos atletas, uma medalha olímpica simboliza anos de esforço e dedicação, sendo um marco de conquista pessoal e profissional. A expectativa agora é que os erros relacionados ao verniz sejam corrigidos, permitindo que estas medalhas recuperem o brilho e o valor simbólico que representam.