O BCE anda a enganar-nos com a inflação ou Lagarde não sabe fazer contas ?

O aumento da procura voltou a trazer o tema da inflação para a ordem do dia e com ela a discussão sobre as previsões dos bancos centrais sobre o aumento do índice dos preços. Face a esta situação, o Banco Central da Noruega, o Norges Bank, comparou as estimativas da instituição liderada por Christine Lagarde, de forma a perceber se afinal o BCE exagera nas suas estimativas de forma a manter a inflação abaixo dos 2%.

Tendo por base um conjunto confidencial de dados de projeções macroeconómicas trimestrais do BCE, os investigadores do Norges Bank concluíram que quando a inflação está longe de 2%, o BCE prevê uma inflação futura mais alta e vice-versa.

O Banco Central da Noruega sublinha ainda que este “é um mecanismo sistemático” de susto utilizado pela instituição financeira e dá exemplos. “Em 2014, o BCE previu uma inflação média de 1% para esse ano, 1,3% para 2015 e 1,5% para 2016. No final das contas e passados três anos, veio-se a verificar que a inflação média em 2014 foi de 0,4%, em 2015 de 0,2% e em 2016 de 0,2%”, explica o relatório.

O BCE é louco ou é um estratega comercial?

A explicação para esta jogada económica é simples. O BCE ao anunciar que os preços  se vão manter nos mesmo níveis ou vão descer pode gerar uma ação em cadeia, em que os cidadãos e as empresas acabam por adiar decisões de consumo ou investimento, como comprar uma casa ou realizar um mega processo de recrutamento, o que por sua vez paralisa o crescimento económico, assim a atitude da instituição financeira liderada por Lagarde é defendida através da teoria do aumento da procura.

Por outro lado, e como alerta o Norges Bank, a aplicação sistemática deste mecanismo pode ter o impacto oposto, dado que o excesso de procura hoje, com medo dos preços de amanhã, pode gerar um superaquecimento dos preços, a alimentação de bolhas financeiras e por fim os défices externos.