Número de estrangeiros detidos em Portugal por crimes graves cai para níveis mais baixos dos últimos 15 anos
O rácio de estrangeiros detidos pelas autoridades portuguesas caiu para metade: de acordo com dados da Polícia Judiciária, que investiga os crimes mais violentos e graves, em 15 anos, 2023 foi o segundo rácio mais baixo de estrangeiros detidos pela PJ, só superado em 2020. Ou seja, conforme o número de imigrantes passou para mais do dobro nesse período, os estrangeiros presos por crimes violentos caíram para menos de metade.
Disso mesmo deu conta Luís Neves, diretor nacional da PJ. “Em 2009 tínhamos detidos 631 estrangeiros. (…) Em 2009 tínhamos – são dados objetivos – 454 mil imigrantes e foi uma das maiores relações que tivemos entre cidadãos estrangeiros em território nacional e o cometimento de crimes, portanto, detidos”, salientou. “Os dados de 2023 são: 1,044 milhões de cidadãos estrangeiros” e “por rácio de detidos, o segundo número mais baixo. O primeiro foi em 2020”, explicou.
Assim, conforme aumentou o número de estrangeiros em Portugal – e apenas os que estão legalizados – o rácio de detidos foi decaindo. Vejamos: em 2008, não havia meio milhão de estrangeiros em Portugal e registou-se um rácio de 138,9 detidos por 100 mil residentes, num total de 631 presos. Em 2023, com mais de um milhão de estrangeiros, houve um rácio de 49,1, num total de 513 presos pela PJ. Nos últimos 15 anos, a tendência é sempre de descida do número de detidos, enquanto aumentaram os imigrantes regularizados.
“Temos de fazer uma destrinça entre o que é estrangeiros que utilizam o território europeu para a prática de crimes – estamos a falar de organizações criminosas transnacionais, tráfico de estupefacientes, cibercrime, muita cocaína, o haxixe, o cibercrime de uma forma ampla, a criminalidade contra o património”, indicou Luís Neves. Muitos integram “aquilo que é designado como a criminalidade itinerante – da América Latina, do Leste – que acabam por ser presos aqui. Não são imigrantes. Estamos a falar sobretudo no tráfico”.
“À cabeça está a questão das ‘mulas’, pessoas pobres que são utilizadas para ações criminosas, para trazer droga dentro do corpo, que nós prendemos, por ano, às dezenas ou até às centenas – normalmente mulheres – que aqui cumprem normalmente três, quatro, cinco anos e regressam ao país de origem”, sublinhou.