‘Novo normal’ das fintechs e instituições financeiras já está a ser construído e em ritmo acelerado

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus estão a estender-se a todos os universos e a moldar todas as relações, em muitos casos ditando até novos contornos de atuação. As instituições financeiras e as fintechs somam desafios e já estão em ritmo acelerado para encontrar as melhores soluções para o ‘novo normal’.

“As fintechs não são mais do que entidades que colocam a tecnologia ao serviço das necessidades financeiras dos clientes, encontrando soluções que simplificam a sua vida nos diversos domínios de utilização do dinheiro”, afirma Marília Araújo, diretora do Unibanco, em declarações à Risco, a propósito desta nova era

Este percurso, em seu entender, tem sido trilhado quer pelas instituições financeiras mais tradicionais, quer por novos players que têm surgido com novas visões e abordagens de mercado, alguns deles a trabalhar camadas muito específicas da oferta. E exemplifica com as componentes de ‘open banking’, no que respeita à agregação de contas, ou as componentes de identificação e assinatura qualificada de contratos.

“É neste último contexto que têm surgido parcerias relevantes e aceleradoras da digitalização de propostas de valor das instituições financeiras mais tradicionais e que, naturalmente, têm ganho uma maior relevância à medida que a apetência pela utilização de canais digitais pelos clientes cresce, movimento também impulsionado pela pandemia que vivemos”, ressalva ainda.

Desafiada a antever como vão evoluir estas relações, a curto e médio prazo, Marília Araújo, afirma que temos assistido a uma crescente especialização no desenvolvimento das diversas dimensões da oferta que a tecnologia e a regulação têm proporcionado.

Sendo certo que as dinâmicas colaborativas já existiam no período pré-pandemia, acredita “que vamos assistir a uma intensificação da colaboração, colocando o que cada um faz de melhor ao serviço da aceleração da digitalização nos seus mais diversos domínios”.

Em tempos de pandemia, assistimos ao emergir de necessidades específicas no mercado nacional. Nesta matéria, a responsável acredita que os clientes querem sobretudo soluções que simplifiquem o seu dia-a-dia e que essa necessidade se tornou ainda mais premente num contexto em que as vivências familiares se tiveram que reajustar, as lógicas de trabalho se modificaram, e em que a instabilidade financeira se tornou muitas vezes uma realidade.

“Nestas alturas de verdadeira revolução na vida das famílias é ainda mais relevante a necessidade de ter soluções que permitam gerir a relação com o dinheiro nos seus mais diversos formatos – pagar, pedir emprestado, poupar – de forma segura, ágil e descomplicada”, detalha ainda.

De olhos postos no futuro, e analisando o impacto da pandemia na economia nacional, a diretora do Unibanco, recorda que de acordo com os dados divulgados num relatório de junho da Reduniq, apesar da dinâmica de recuperação desde o desconfinamento, a atividade do comércio e do retalho regista ainda quebras superiores a 25% face a 2019, números muito ligados ao colapso no turismo e à diminuição sobretudo de transações de estrangeiros, com quebras superiores a 80%.

“É natural, por isso, que setores que dependem diretamente do turismo, nomeadamente a hotelaria, passem por um processo de recuperação mais longo. Apesar de ainda distantes dos valores de 2019, os dados acumulados deste ano revelam que as farmácias e o retalho alimentar tradicional têm assistido a um crescimento mais acentuado, assim como as categorias de eletrónica e de hiper e supermercados. Diria que a recuperação ainda tem um longo caminho pela frente e os próximos meses serão críticos para percebermos a sustentabilidade e o ritmo da mesma”, reforça.

Mas neste caminho, de resposta e recuperação, a estratégia do Unibanco está sobretudo focada na disponibilização de soluções financeiras descomplicadas, com processos 100% digitais. “Nesse caminho estamos a trabalhar em parcerias relevantes em determinados pontos da cadeia de valor que nos permitirão garantir experiências diferenciadoras aos nossos clientes”, conclui.