Nobel da Paz vai para a organização japonesa Nihon Hidankyo

A Comissão Norueguesa do Nobel anunciou hoje a atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2024 à Nihon Hidankyo, uma organização japonesa composta por sobreviventes das bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Também conhecidos como Hibakusha, estes sobreviventes têm lutado, ao longo de décadas, pela abolição das armas nucleares, utilizando os seus testemunhos para sublinhar a urgência de um mundo livre de armas de destruição em massa.

Este galardão representa um reconhecimento dos esforços incansáveis dos Hibakusha, que, apesar das suas imensas dores físicas e memórias traumáticas, transformaram as suas experiências pessoais numa poderosa campanha em prol da paz mundial. A Comissão destacou que, ao partilharem as suas histórias, estes sobreviventes ajudaram a humanidade a “descrever o indescritível, a pensar o impensável e a, de alguma forma, compreender a dor e o sofrimento incompreensíveis causados pelas armas nucleares.”

Em 2025, assinalam-se 80 anos desde que as bombas atómicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki provocaram a morte de cerca de 120.000 pessoas num só instante. Nos meses e anos seguintes, muitas mais vítimas sucumbiram devido a queimaduras e aos efeitos da radiação. No entanto, o destino daqueles que sobreviveram aos infernos nucleares permaneceu, durante muito tempo, ignorado e negligenciado.

Foi em 1956 que as associações locais de sobreviventes, juntamente com vítimas de testes nucleares realizados no Pacífico, se uniram para formar a Confederação Japonesa das Organizações de Vítimas das Bombas A e H, mais conhecida como Nihon Hidankyo. Desde então, esta organização tornou-se a maior e mais influente entidade de sobreviventes no Japão, desempenhando um papel crucial na consciencialização global sobre os horrores da guerra nuclear e na luta pela sua erradicação.

Ao atribuir o Nobel da Paz a Nihon Hidankyo, a Comissão Norueguesa salientou um facto encorajador: em quase 80 anos, nenhuma arma nuclear foi utilizada em conflito. Este período de abstinência do uso de armas nucleares deve-se, em grande parte, aos esforços extraordinários da Nihon Hidankyo e de outros representantes dos Hibakusha, que trabalharam para estabelecer o chamado “tabu nuclear”, uma barreira ética e política que tem impedido a utilização dessas armas devastadoras.

Contudo, a Comissão alertou para a crescente pressão sobre este tabu, num momento em que as potências nucleares continuam a modernizar os seus arsenais e em que novos países parecem estar a preparar-se para adquirir armamento nuclear. Além disso, as ameaças de uso de armas nucleares em conflitos em curso estão a aumentar, colocando em risco a segurança global. “Neste momento da história da humanidade, é importante lembrar o que são as armas nucleares: as armas mais destrutivas que o mundo já conheceu”, sublinhou a Comissão.

Ler Mais



Comentários
Loading...