“Não me sinto responsável”: PGR recusa culpas pela demissão de Costa e crise política no âmbito da Operação Influencer

A Procuradora-Geral da República (PGR) Lucília Gago falou hoje aos jornalistas sobre o caso da Operação Influencer e recusou responsabilidades pela demissão do primeiro-ministro António Costa, pela queda do Governo e crise política que se instalou no seguimento das revelações da investigação.

“O que quero dizer é que o Ministério Público continuará a fazer investigações, essa e todas as outras que tem em mãos, naturalmente sem  dramatizar, fazendo a sua função e o seu papel”, começou por apontar a magistrada.

“Não me sinto responsável por coisa nenhuma”, disse, quando questionada sobre se se sentia culpada pela demissão do primeiro-ministro. “A própria PGR, o MP, no concreto, investiga, perante a notícia da prática de factos, aquilo que deve investigar”, sustentou.

Sobre o ‘parágrafo-bomba’ no comunicado da PGR, e que foi escrito por Lucília Gago, no final da nota que dava conta das investigações da Operação Influencer, e que sublinhava que António Costa estava a ser investigado num processo paralelo a correr no Supremo, a magistrada também clarificou o tema.

“Esse parágrafo é um parágrafo que diz com transparência o que estava em causa no contexto da investigação que está em curso”, apontou Lucília Gago, justificando-o com a necessidade de “transparência, de informação relativamente à investigação”.

“Teria naturalmente de ser colocado, sob pena de, não constando no comunicado, se pudesse afirmar que estava indevidamente a ocultar-se um segmento da maior relevância. Não foi em defesa da PGR”, sustentou a magistrada.

Lucília Gago recusou sentir pressão para apresentar resultados antes das eleições legislativas, marcadas para 10 de março do próximo ano. “Sinto sempre o dever de apresentar os melhores resultados que sejam possíveis apresentar”, sustentou.

A responsável desvalorizou o facto de esta Operação Influencer não ter contado com a participação da Polícia Judiciária nas diligências. “O MP, nesta situação como em muitas outras, por vezes não é coadjuvado, não há delegação de competência numa determinada policia ou órgão de policia criminal”, explicou.

Questionada sobre se tinha mesmo sido ela a escrever o último parágrafo da nota da PGR, Lucília Gago esclareceu: “As notas para a imprensa são sempre trabalhadas pelo gabinete de imprensa, como foi o caso e, em situações mais sensíveis, são acompanhadas de perto, muito de perto, na sua redação”.