«Não há contradição nenhuma entre DGS e OMS», diz especialista sobre eficácia da vacina em maiores de 65 anos

Miguel Castanho, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular (Imm), defendeu esta quarta-feira que não existe «nenhuma contradição» entre a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Direção-Geral da Saúde (DGS), depois de a primeira ter recomendado a vacina da AstraZenca/ Oxford a maiores de 65 anos e a segunda não.

Em declarações à ‘Rádio Observador’, o responsável explica que, «bem vistas as coisas, o que diz agora a OMS não é uma alteração substancial em relação àquilo que já foi decidido em alguns países europeus, inclusive Portugal», começa por referir.

Segundo o especialista, «o que a DGS determinou é que havendo a possibilidade de vacinar as pessoas com mais de 65 anos com outra vacina, dá-se então essa preferência, à vacina da Pfizer e da Moderna, mas se estas não estiverem disponíveis, procede-se à vacinação com a de Oxford».

«Agora o que diz a OMS é que esta vacina não deve deixar de ser usada de todo em pessoas com mais de 65 anos e até em áreas onde circulam outras variantes do vírus. Mas refere-se à administração da vacina de Oxford, versus a não vacinação, não é um estudo comparativo entre as várias vacinas», esclarece.

Assim, Miguel Castanho indica que «não há contradição nenhuma» entre a OMS e as autoridades portuguesas, ou dos outros países da Europa. «Havendo mais vacinas disponíveis é melhor avançar com aquelas que dão mais garantias de eficácia», explica justificando a decisão da DGS relativa à vacina da AstraZeneca.

Recorde-se que um painel de especialistas da OMS disse esta quarta-feira que a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca é eficaz para pessoas com mais de 65 anos, recomendando por isso a sua utilização.

O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS emitiu recomendações provisórias sobre a vacina, dizendo que a mesma pode ser administrada a pessoas com 18 anos ou mais “sem um limite máximo de idade”. “Isto significa que as pessoas com mais de 65 anos devem ser vacinadas”, disse Alejandro Cravioto, presidente do grupo consultivo, em conferência de imprensa.

Em contrapartida, a DGS considera que a vacina contra da covid-19 da AstraZeneca deve ser preferencialmente utilizada para pessoas até aos 65 anos de idade. “Até novos dados estarem disponíveis”, a vacina “deve ser preferencialmente utilizada para pessoas com 65 ou menos anos de idade.”

Numa norma divulgada no seu ‘site’, a DGS acrescenta, no entanto, que “em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou mais anos de idade ser atrasada” se só estiver disponível esta vacina.