“Não é surpreendente”, revelam médicos: vacinação contra a Covid-19 cai 17% em todos os grupos etários
Houve menos 300 mil pessoas que se vacinaram contra a Covid-19 neste período vacinal, uma queda de 17% face a igual período do ano passado, indicou esta segunda-feira o jornal ‘Observador’, de acordo com dados da Direção-Geral da Saúde: a mesma tendência de quebra não se verificou na vacinação contra a gripe.
Desde 20 de setembro, arranque da época vacinal, até à última terça-feira, houve 1,52 milhões de pessoas vacinadas contra a Covid-109, face aos 1,824 milhões inoculados até ao início de janeiro de 2024: registou-se uma queda em todos os grupos etários acima dos 60 anos.
Entre os mais de 80 anos, até 7 de janeiro último, tinham sido vacinadas 405 mil pessoas, menos 36 mil face ao ano anterior, com uma taxa de vacinação de 58%. Já entre os 70 e 79 anos, receberam a vacina 511 mil pessoas, menos 100 mil: por último, na faixa etária entre os 60 e 69 anos, são menos 119 mil pessoas, com uma taxa de 40%, num total de 426 mil pessoas já vacinadas.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Bernardo Gomes, esta queda de adesão não é “surpreendente”, mas pode ter impacto. “Não é surpreendente. É até natural que, perante uma perceção de menor gravidade, as pessoas acabem por dizer que não querem aderir”, salientou o especialista, que deixou um aviso. “As doenças não desaparecem mas as vacinas ajudam a controlar a transmissão e/ou as complicações.”
“O que a literatura demonstra é que os boosters [reforços] para a Covid-19 têm utilidade. A verdade é que a imunidade para este tipo de vírus não é duradoura, daí que o reforço continue a fazer sentido”, indicou, lembrando que “mais de 1,5 milhões de vidas foram salvas pela vacinação só na região europeia da OMS”.
A menor adesão à vacinação “pode ter impacto”. “Há sempre um aumento da possibilidade de quadros graves de Covid-19 e também de quadros arrastados (Long Covid) com a quebra de vacinação”, alertou.
A DGS admitiu haver “fadiga vacinal”, salientando que a taxa vacinal atual nos maiores de 65 anos está em linha com o objetivo traçado. “A adesão da população à vacinação pode ser influenciada por múltiplos fatores, entre os quais a perceção de risco da doença. Adicionalmente, a fadiga vacinal, após vários anos de pandemia, pode resultar na perda de oportunidades de vacinação. Ainda assim, Portugal mantém-se como um dos países europeus com melhores resultados na adesão à vacinação contra Covid-19”, salientou a DGS, lembrando ter definido publicamente que “o objetivo seria alcançar, pelo menos, os 50 a 55% de cobertura vacinal contra Covid-19 nesta faixa etária”.