“Muito perigoso”: há familiares de reféns israelitas em Gaza que não querem acordo com Hamas

Há um pequeno número de pessoas, cujos familiares permanecem cativos em Gaza, que não querem um acordo de cessar-fogo e reféns com o Hamas. Membros do grupo marginal do Fórum Tikva têm ideologias de direita e opõem-se à libertação de prisioneiros palestinianos em Israel: sustentam que uma libertação parcial de reféns israelitas de Gaza é inaceitável e defendem que derrotar o Hamas através de uma forte ação militar é uma prioridade e a melhor estratégia para recuperar os reféns.

O referido fórum – fundado para trazer de volta os reféns “a partir de um lugar de força, fé, responsabilidade nacional e preocupação com a unidade e a segurança de todos os israelitas” – tem como cofundador Tzvika Mor, cujo filho Eitan está detido em Gaza. “Este acordo de que o primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu está a falar é muito perigoso para o meu filho e para a maioria dos reféns, especialmente os jovens e os soldados que ficarão em Gaza durante décadas”, referiu, citado pela ‘CNN’.

“Sei perfeitamente que Eitan quer que eu me certifique de que o Estado de Israel estará seguro”, sublinhou, garantindo que se o seu filho não fosse um refém teria sido “um soldado em Gaza, no Líbano ou na Síria”.

Também Boaz Miran, membro do Fórum Tikva, cujo irmão Ormi foi raptado pelo Hamas, opõe-se ao acordo e tem sido elemento ativo numa campanha contra qualquer entendimento com o grupo palestiniano, uma posição semelhante à de políticos de extrema-direita de Israel que não querem um entendimento, como Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, ou Bezalele Smotrich, ministro das Finanças, que já garantiu que o acordo “seria uma catástrofe”.

Segundo Miran, pelo menos 15 famílias fazem parte do fórum, mas muitas preferem ficar fora dos holofotes. Defendeu que os reféns devem regressar de uma só vez e que os “terroristas palestinianos” não devem ser libertados. “Acreditamos que todos os prisioneiros devem ser devolvidos num único acordo, a partir de uma posição de força”, referiu. “Sou contra este acordo atual porque, em primeiro lugar, não vai trazer de volta todos os prisioneiros. Será uma libertação parcial, o resto será provavelmente negligenciado.”

“Não podemos ter estes monstros como nossos vizinhos do outro lado da fronteira. Sinwar foi libertado como parte do acordo Shalit, e vejam o que ele nos fez”, lembrou. “Não podemos concordar com uma situação em que os prisioneiros libertados assassinem o nosso povo no futuro.”

Boaz Miran, embora celebre a libertação de cada refém, garantiu que o acordo, no seu formato atual, vai significar a alegria de algumas famílias, mas também a tristeza de outras. “Este acordo determinará o destino do meu irmão Omri, que apodrecerá nos túneis do Hamas durante meses ou mesmo anos”, concluiu.