MP acusa principal suspeito pela morte de grávida desaparecida na Murtosa

Fernando Valente foi formalmente acusado pelo Ministério Público (MP) de Estarreja pela morte de Mónica Silva, uma mulher da Murtosa que estava grávida de sete meses quando desapareceu, a 3 de outubro de 2023. A procuradora responsável pelo caso detalhou as acusações que recaem sobre o que até aqui sempre foi o principal suspeito dos crimes, que incluem homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação, indicando a gravidez como a principal motivação do crime.

De acordo com o despacho da acusação, referido em nota da Procuradoria-Geral Distrital do Porto (PGDP), a 29 de setembro do ano passado, Mónica Silva informou Fernando Valente que estava grávida e que seria ele o pai. A procuradora afirma que foi precisamente para evitar a responsabilidade pela paternidade e manter o seu património e para manter o património que o arguido terá decidido matar a mulher e o feto.

O suspeito, que está atualmente em prisão domiciliária, terá, segundo o MP, elaborado um plano detalhado para se livrar das provas. Sustenta a acusação que terá pesquisado na Internet como eliminar conversas nas redes sociais e adquiriu um cartão SIM pré-pago, alem de usar um telemóvel antigo, sem ligação à web, de forma a ocultar o envolvimento com a vítima.

Logo depois, indica o MP, terá combinado um encontro com Mónica, ocorrido pelas 21h00 do dia 3 de outubro de 2023, para o qual a vítima levou as ecografias, como relatou a família de Mónica. Posteriormente, Fernando Valente terá levado a mulher para um apartamento, localizado na Torreira, onde o homicídio terá sido consumado.

Após o crime, o MP afirma que Valente deu continuidade ao seu plano, eliminando o corpo da vítima na madrugada de 4 de outubro e, para confundir as investigações, acedeu ao telemóvel de Mónica, enviando mensagens a outro homem, insinuando que estava a ser ameaçada por ele. Com esta manobra, Valente teria tentado construir uma falsa narrativa que afastasse as suspeitas sobre si.

Além disso, o arguido terá se desfeito dos pertences de Mónica e de um tapete da sala do apartamento onde ocorreu o crime. Seguiram-se limpezas intensivas no local, para eliminar qualquer vestígio de prova.

Ao longo do decorrer da investigação, Fernando Valente negou sempre todas as acusações e recusou qualquer envolvimento na morte da mulher.

O MP pede agora que Fernando Valente seja julgado por um tribunal de júri, dada a gravidade dos crimes imputados. Além disso, a procuradora solicitou uma indemnização de 200 mil euros a ser paga pelo arguido aos dois filhos menores de Mónica Silva, vítimas indiretas deste crime que chocou a comunidade local e o país

O arguido foi detido pela PJ em novembro de 2023, e, após ter sido presente a primeiro interrogatório judicial, ficou em prisão preventiva, passando um mês depois para prisão domiciliária.

De acordo com a investigação, o arguido e a vítima mantiveram, durante cerca de um ano, uma relação íntima (que aquele tentou sempre manter em segredo), fruto da qual aquela engravidou.

*Com Lusa