Moedas alerta para ‘caos’ com greve na recolha de lixo em Lisboa e avança com plano de emergência

A Câmara Municipal de Lisboa anunciou, esta quarta-feira, um plano de emergência para enfrentar a greve convocada pelos sindicatos do setor da higiene urbana, prevista para coincidir com a quadra natalícia. Em conferência de imprensa nos Paços do Concelho, Carlos Moedas detalhou as medidas, afirmando que serão coordenadas por um gabinete de crise que funcionará 24 horas por dia.

A greve, que inclui uma paralisação total nos dias 26 e 27 de dezembro e abrange o trabalho extraordinário entre o Natal e o Ano Novo, é vista pela autarquia como uma ameaça significativa à cidade. Segundo avança o jornal Público, para minimizar os seus efeitos, o município implementará várias ações, como a colocação de contentores de obras e ecoilhas móveis em locais estratégicos, o apelo ao teletrabalho para funcionários municipais e privados, e a criação de equipas de intervenção rápida.

Além disso, Moedas apelou aos lisboetas e às empresas para reduzirem drasticamente a produção de resíduos, especialmente de embalagens de cartão, comuns nesta época festiva. “É importante que todos compreendam o momento que estamos a viver e ajam em conformidade”, disse o autarca.

A câmara está ainda a dialogar com comerciantes, hotéis e restaurantes para garantir soluções específicas, e solicitou apoio a outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa para disponibilizarem infraestruturas móveis que ajudem a conter os efeitos da paralisação.

O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), que convocou a greve, acusa o executivo liderado por Carlos Moedas de não cumprir compromissos assumidos anteriormente e de abrir espaço à privatização de serviços relacionados com a higiene urbana. Em comunicado divulgado no dia anterior, o sindicato apontou a falta de resposta a reivindicações fundamentais, como melhorias nas instalações de trabalho, criação de espaços para refeições e respeito pelo equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

“O executivo não responde aos problemas reais da limpeza urbana e, além disso, mantém opções políticas que enfraquecem o serviço público”, afirmou o sindicato, exigindo o cumprimento integral do acordo de junho de 2023.

Carlos Moedas refutou as acusações, mostrando-se perplexo com a decisão de convocar a greve. “Tudo temos feito para melhorar as condições dos trabalhadores da higiene urbana”, afirmou, enumerando avanços como a atualização do suplemento de penosidade e insalubridade para o valor máximo, o aumento do número de folgas após trabalho em feriados e a contratação de mais 400 funcionários para o setor.

“Não entendo por que razão os sindicatos decidiram avançar para a greve. Depois de três anos de paz social, esta decisão não faz sentido”, declarou Moedas, acusando os sindicatos de não estarem disponíveis para negociar.

Apesar do apelo ao diálogo, o presidente da câmara considera que os próximos dias serão “os mais difíceis” do seu mandato. Por isso, convocou os presidentes das 24 juntas de freguesia de Lisboa para uma reunião de emergência, onde foi apresentado o plano de mitigação.

“Estamos todos unidos na resolução deste problema”, garantiu Moedas, sublinhando que as juntas terão um papel fundamental no terreno. A coordenação das medidas será feita pelo gabinete de crise instalado na câmara municipal, que monitorizará a evolução da situação e ajustará as ações conforme necessário.

O tribunal deverá decidir na próxima sexta-feira se decreta a requisição de serviços mínimos, uma medida que a câmara considera essencial para reduzir os impactos da greve. Até lá, a autarquia reforça o apelo ao diálogo com os sindicatos, esperando evitar os efeitos negativos que a paralisação pode causar na vida dos lisboetas durante a quadra natalícia.

“Não é criando o caos que se ganham direitos”, concluiu Carlos Moedas, deixando claro que a câmara está comprometida em garantir a limpeza da cidade, mesmo perante este cenário de contestação sindical.