Ministério de João Galamba foi espiado duas vezes por agentes de países inimigos, revela SIS

O Serviço de Informações de Segurança (SIS) informou o Ministério das Infraestruturas, então sob a responsabilidade de João Galamba, foi espiado em duas ocasiões, avançou esta sexta-feira o jornal ‘Expresso’. Esse terá sido o motivo que fez avançar operacionais para recuperar o computador de trabalho retirado das instalações por Frederico Pinheiro, ex-adjunto de Galamba que saiu em polémica do ministério.

Um dirigente do SIS revelou a uma procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa que o ministério estava a ser alvo de espionagem por parte de operacionais de países inimigos. “Foram reportadas duas situações com informação do âmbito da contraespionagem e comunicadas pelo próprio ministério”, apontou o responsável, durante uma audição no Campus de Justiça, em julho do ano passado. De acordo com o semanário, os dois casos tiveram lugar no mandato de João Galamba e não terão estado relacionados com o dossier da privatização da TAP.

“Perante o risco iminente da informação confidencial ter sido posta em causa, nomeadamente ser acedida por pessoas não credenciadas, bem como o facto de haver precedentes e linhas de trabalho anteriores com aquele ministério, foi decidido fazer avançar operacionais do SIS no sentido de recuperar esse portátil”, revelou o dirigente do SIS, justificando a conturbada noite de 26 de abril de 2023, quando Frederico Pinheiro retirou o portátil de trabalho do ministério. A informação consta no despacho de arquivamento do Ministério Público e no relatório da PJ sobre a ação do SIS naquela noite – a Judiciária ilibou por completo o SIS na operação de resgate do portátil.

“Caso os funcionários do SIS estivessem impossibilitados de estabeleceram contactos diretos e pessoais com cidadãos em ações operacionais seguramente o cumprimento eficaz da sua missão ficaria seriamente comprometido ou inviável”, apontou o responsável. “Não se apurou pela investigação qualquer violação de competências funcionais do SIS nos contactos telefónicos e pessoais no sentido de o sensibilizar e persuadir a proceder à entrega voluntária, imediata e informal do computador” e nem foram usados nos contactos quaisquer “meios abusivos, coercivos ou enganosos”.