“Mesquinho e desagradável”: PM inglês arrasado por retirar histórico retrato de Margaret Thatcher do escritório do n.º 10 de Downing Street

A decisão do novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, de remover um retrato da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher do seu escritório em Downing Street desencadeou uma onda de protestos e críticas entre figuras proeminentes do Partido Conservador. A pintura, avaliada em 100.000 libras (quase 119 mil euros) e realizada pelo artista Richard Stone, foi transferida para outra sala na residência oficial do governo, provocando reações fervorosas por parte de políticos e comentadores conservadores.

Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista e à frente do novo governo de centro-esquerda no Reino Unido, foi acusado de ser “mesquinho” e “desagradável” por optar por afastar a imagem da emblemática líder conservadora. Segundo Tom Baldwin, biógrafo de Starmer, o primeiro-ministro achou o retrato “perturbador” e solicitou que ele fosse retirado do seu gabinete. Esta informação foi primeiramente divulgada pelo jornal Herald.

A decisão de Starmer não passou despercebida, com a imprensa britânica, particularmente jornais de direita como o Daily Mail e o Daily Telegraph, a dedicarem grande destaque ao incidente. John Redwood, veterano conservador que liderou a unidade de política de Thatcher, expressou a sua reprovação ao Daily Mail, afirmando: “Não estou nem um pouco surpreso que ele tenha feito isso. Ele não gostaria de ficar envergonhado em comparação com um primeiro-ministro muito melhor.” Redwood foi mais longe, acusando Starmer de ser “pessimista, negativo e desagradável.”

Outro antigo líder do Partido Conservador, Iain Duncan Smith, também não poupou críticas a Starmer, qualificando a sua atitude como “mesquinha” e sugerindo que o primeiro-ministro estaria a tentar agradar a ala mais radical do seu partido. Duncan Smith afirmou que a decisão de remover o retrato de Thatcher foi uma “jogada para apaziguar a extrema esquerda”.

Perante a controvérsia, a ministra do governo, Jacqui Smith, interveio para defender o primeiro-ministro. Em declarações ao canal GB News, Smith sublinhou que Starmer tem sido alvo de críticas contraditórias, lembrando que há poucos meses ele foi atacado por elogiar o legado de Margaret Thatcher e reconhecer os elementos positivos da sua liderança. “Agora, ele está a ser criticado por pedir que algumas fotos fossem movidas”, afirmou a ministra. Smith acrescentou que um retrato de Thatcher permanece numa galeria em Downing Street, juntamente com os de outros ex-primeiros-ministros, frisando que isso é “absolutamente correto”.

O retrato de Margaret Thatcher que está no centro desta polémica tem uma história de conotação bipartidária. A obra foi encomendada em 2009 pelo então primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown, como um tributo às conquistas da líder conservadora durante o seu mandato. Esta encomenda foi vista na altura como um gesto de reconhecimento transcendente entre partidos, mas a recente decisão de Starmer de afastar a imagem da sua sala de trabalho reacendeu as tensões ideológicas entre conservadores e trabalhistas, refletindo a polarização atual na política britânica.