Massacre em aldeia no norte do Burkina Faso fez pelo menos 70 mortos

Cerca de 70 pessoas foram mortas no norte do Burkina Faso por assaltantes, a maioria das quais crianças e idosos, num massacre numa aldeia no início do mês que continua a ser investigado, adiantaram hoje as autoridades locais.

O procurador Simon B. Gnanou disse que o ataque aconteceu na aldeia de Zaongo, a cerca de 60 quilómetros da cidade de Boulsa.

“Até ao momento, face às nossas investigações e aos testemunhos recolhidos, os perpetradores destas atrocidades permanecem desconhecidos”, disse Gnanou.

A nação da África Ocidental luta há anos contra insurgentes jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, o que já motivou milhares de mortos e mais de dois milhões de deslocados internos.

As autoridades locais levaram dois dias a alertar para o ataque e mais quatro dias para que uma equipa de investigadores pudesse chegar ao local onde encontraram dezenas de casas queimadas, disse o procurador, acrescentando que a dado momento foi também necessário repelir um ataque contra a coluna de investigadores.

“Nestas circunstâncias dolorosas, apresento as minhas sentidas condolências às famílias enlutadas e desejos de uma rápida recuperação dos feridos”, disse Gnanou.

A violência jihadista no Burkina Faso levou a dois golpes de Estado, com a atual junta no poder desde setembro de 2022.

A junta, liderada pelo capitão Ibrahim Traore, foi acusada por grupos de defesa de direitos humanos de cometer abusos contra civis e reprimir liberdades civis em nome da segurança nacional.

No início do mês a junta apresentou uma lei de emergência contra suspeitos de dissidência para alargar a repressão, de acordo com um relatório da organização Human Rights Watch.

A junta notificou pelo menos uma dúzia de jornalistas, ativistas e opositores que seriam recrutados para participar em operações governamentais de segurança em todo o país, adiantou o relatório.

Numa tentativa de conter a ameaça jihadista, o Governo recrutou dezenas de milhares de combatentes voluntários, mas os civis afirmam que os voluntários matam indiscriminadamente pessoas suspeitas de trabalharem com os jihadistas.

Muitas comunidades afirmam que têm mais medo dos voluntários do que dos extremistas.

Numa publicação na rede social X (antigo Twitter) na semana passada, a responsável pelos assuntos africanos no Departamento de Estado norte-americano, Molly Phee, disse que estava “chocada e triste” com as notícias do massacre em Zaongo, apelando às autoridades que investiguem e levem os responsáveis a assumir responsabilidades.