Mapa mostra os destinos de viagem mais seguros para as mulheres (e Portugal está no top 20)

A segurança para mulheres que viajam sozinhas tem vindo a melhorar gradualmente nos últimos anos, de acordo com os mais recentes dados de um instituto de Washington, D.C. As conclusões mostram um avanço global na proteção e direitos das mulheres, mas ainda a um ritmo modesto.

Elena Ortiz, gestora de investigação no Instituto Georgetown para a Mulher, Paz e Segurança, partilhou com a Newsweek que, desde a primeira edição do Índice de Mulher, Paz e Segurança (WPS) em 2017, a pontuação média global no índice melhorou em cerca de 3%. “Isto indica que a condição das mulheres está a melhorar em termos globais, mas de forma lenta”, afirmou Ortiz. “Durante este período, verificámos os maiores progressos nos direitos legais das mulheres e no acesso a contas bancárias, enquanto as maiores perdas ocorreram no emprego feminino e na exposição a conflitos armados”.

Países mais seguros para mulheres viajantes em 2024

Em 2024, os países considerados mais seguros para mulheres que viajam sozinhas incluem Islândia, Nova Zelândia, Noruega, Finlândia, Suécia, Suíça, Canadá, Dinamarca, Japão e Áustria, segundo dados da Global Citizens Solutions. Estes países destacam-se por apresentarem algumas das mais baixas taxas de criminalidade contra mulheres, o que os coloca no topo do ranking de segurança feminina.

O mapa interativo publicado pela Global Citizens Solutions compara o Índice de Paz Global com o Índice WPS, medido em três dimensões: inclusão económica, política e social das mulheres; justiça de género; e segurança feminina, tanto na sociedade quanto em casa. Quanto maior for a pontuação no Índice WPS, que varia entre 0 e 1, mais seguro é o país para as mulheres. A Islândia, por exemplo, ocupa o primeiro lugar no Índice de Paz Global, seguida pela Irlanda, enquanto o Iémen surge em último lugar. Os Estados Unidos não entraram na lista dos países mais seguros, uma vez que ocupam o 132.º lugar no Índice de Paz Global. Por seu lado, Portugal ocupa a 11.ª posição, entrando no top 20 dos locais mais seguros para as mulheres viajarem.

Este ano, também se verificou uma ligeira descida de 0,56% no Índice de Paz Global, uma redução que reflete o aumento de conflitos e crises globais.

Melhores e piores países para a segurança das mulheres

De acordo com o Instituto Georgetown, países como Dinamarca, Suíça e Suécia lideram o ranking global de segurança e proteção para as mulheres. Estes países têm feito avanços significativos na igualdade de género e dão prioridade à redução da discriminação de género. Em contraste, os países com os piores desempenhos são o Afeganistão, o Iémen e a República Centro-Africana, onde as mulheres continuam a enfrentar ameaças graves à sua segurança e direitos.

A Global Citizens Solutions sublinhou que os países considerados mais seguros para as mulheres apresentaram um progresso considerável na promoção da igualdade de género e nos direitos das mulheres, além de adotarem políticas eficazes para combater a discriminação de género.

Fatores que influenciam a segurança das mulheres

Quando se trata da segurança de um país para mulheres que viajam sozinhas, vários fatores entram em jogo. Andy Newton, professor da Nottingham Trent University, explicou à Newsweek que há muitas nuances a considerar, como a visibilidade e iluminação pública, a presença de outras pessoas, a resposta policial, a legislação e a sua aplicação, assim como os recursos e infraestruturas que apoiam as mulheres no local de trabalho e na sociedade em geral.

Eventos globais, como a pandemia de COVID-19, também tiveram impacto na segurança das mulheres, influenciando a violência e a resposta dos sistemas de justiça criminal. Newton acrescentou que a segurança das mulheres depende, em grande parte, das prioridades políticas e do investimento dos governos em medidas de proteção, assim como da eficácia na punição de agressores.

Desafios e esperanças futuras

A comentar de forma mais ampla sobre a segurança das mulheres, Elena Ortiz destacou que a causa raiz da violência contra mulheres e outras ameaças à sua segurança está nas normas discriminatórias. “A violência contra mulheres é condicionada e sustentada por sistemas de discriminação que desvalorizam as mulheres em comparação com os homens”, explicou. Esta discriminação resulta em várias formas de violência, desde violência por parte do parceiro íntimo até violência política e violência sexual relacionada com conflitos.

Ortiz sublinhou ainda que esses “sistemas de discriminação” e “normas patriarcais prejudiciais” representam um grande obstáculo para a segurança global das mulheres. Apesar disso, há esperança de que a segurança feminina continue a melhorar nos próximos anos, desde que os países deem prioridade à expansão dos direitos das mulheres e à transformação das normas que permitem a violência.

“Esperamos que a segurança de todas as mulheres, incluindo as que viajam, melhore nos próximos anos”, afirmou Ortiz. No entanto, esse progresso dependerá da determinação dos governos em acelerar os esforços para promover os direitos das mulheres e erradicar as normas que perpetuam a desigualdade e a violência.

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