«Manifestação pela Cultura». Promotores de Espetáculos em protesto este sábado em Lisboa
A Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE) marcou uma ‘Manifestação pela Cultura’ para este sábado, dia 21 de novembro, no Campo Pequeno em Lisboa, segundo um anúncio feito pelo organismo no fim de semana passado.
“Manifestação pela Cultura. Campo Pequeno. Sábado 21 Novembro às 10:30”, lê-se numa publicação partilhada pelas 19:30 do passado sábado na página oficial da APEFE na rede social Facebook.
MANIFESTAÇÃO PELA CULTURA
Sábado 21NOV ás 10h30(mais informações em breve)
#apefe #manifestaçãopelaculturaPublicado por APEFE em Sábado, 14 de novembro de 2020
Contactada pela Lusa, Sandra Faria, da APEFE, explicou que a manifestação irá decorrer “dentro do Campo Pequeno, como se de um espetáculo se tratasse”. Ou seja, “cumprindo as regras impostas pela Direção-Geral de Saúde” e com a capacidade do recinto limitada a duas mil pessoas.
Segundo Sandra Faria, a APEFE convidou “associações e movimentos formais e informais do setor”, bem como “artistas” a juntarem-se ao protesto. A responsável disse também que iria ser divulgado o manifesto, que entretanto já foi publicado na mesma rede social.
QUEM ASSUME A DECISÃO DE ACABAR COM A CULTURA?
Um manifesto pela sobrevivência da cultura em Portugal / 19.NOV.2020Publicado por APEFE em Sexta-feira, 20 de novembro de 2020
As salas de espetáculos encerraram em março, quando foi decretado o primeiro estado de emergência, embora os espetáculos tenham começado a ser adiados ou cancelados antes disso, e puderam reabrir a partir de 01 de junho, mas com normas de higiene e segurança.
Com a entrada em vigor do segundo estado de emergência e o decreto de um novo recolher obrigatório, desta vez parcial, salas de espetáculos um pouco por todo o país viram-se obrigadas a alterar horários ou a adiar programação, de modo a conseguirem sobreviver.
O Governo decretou o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 nos dias de semana, a partir do dia 9 de Novembro e até 23 do mesmo mês, nos 191 municípios mais afetados pela pandemia, assim como “limitação da liberdade de circulação” nos fins de semana de 14 e 15 de novembro e de 21 e 22 de novembro. Para a APEFE, esta decisão “é uma grande machadada no setor”.
“Que nós não compreendemos, porque se as regras são cumpridas exemplarmente nas salas, e se as salas são seguras – e são mais seguras do que ir ao supermercado -, como é que os supermercados podem estar abertos e as salas de espetáculos não, dentro daqueles horários, quando a circulação é organizada, quando há distanciamento social entre as pessoas, quando é obrigatório o uso de máscara?”, questionou Sandra Faria, da APEFE, em declarações à Lusa.
O setor da Cultura, que “já está a viver uma tragédia em 2020”, “vê essa tragédia agravada com estas restrições dos fins de semana”. “Vimos hoje [na quarta-feira] uma notícia que poderá haver apoio para a restauração, pela perda de faturação nestes fins de semana, espero que o Governo também se lembre da Cultura e dos espetáculos ao vivo”, afirmou.
Também a Plateia – Associação de Profissionais das Artes Cénicas sublinhou que, “incompreensivelmente, o anúncio das medidas restritivas não foi acompanhado por um anúncio de medidas de apoio aos trabalhadores e às atividades mais afetadas”.
O anúncio das novas medidas geraram preocupação na Plateia e também no Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, Audiovisual e Músicos (Cena-STE).
“A Plateia vê com preocupação as terríveis consequências destas medidas para milhares de trabalhadores, centenas de estruturas artísticas e culturais em todo o país, e para a participação cultural e acesso à cultura de toda a população”, refere aquela associação num comunicado citado pela agência.
Já o dirigente do Cena-STE, Rui Galveias, em declarações à Lusa, considerou a limitação de circulação ao fim de semana “mais um prego no caixão” do setor da Cultura, que já está “numa situação dramática”.
“Olhamos para tudo isto com muita preocupação. Entendemos a necessidade de cuidar das pessoas, entendemos que os números são dramáticos, mas não conseguimos compreender estados de emergência, quando as pessoas têm aderido às regras”, salientou.