Mais de 21% do património líquido dos portugueses está em depósitos bancários, revela studo
Mais de 21% do património líquido dos portugueses está em depósitos bancários e o rendimento disponível das famílias tem crescido há quatro trimestres, segundo uma análise da Corum Investments Portugal e da BA&N Research Unit.
“De acordo com dados do BCE [Banco Central Europeu] referentes ao primeiro trimestre de 2024, cada português tinha em média 22,3 mil euros no banco em depósitos”, lê-se no documento hoje divulgado.
Este valor representa 21,2% do património líquido das famílias, a parcela de riqueza mais elevada entre os países da zona euro.
A análise “Poupança das Famílias e Política Monetária” revelou que as famílias portuguesas têm conseguido guardar uma maior parte do rendimento disponível nos últimos trimestres, devido a taxas de crescimento mais altas no rendimento, que contrastam com as despesas de consumo.
O rendimento disponível das famílias cresceu 7,9% para mais de 188.999 milhões de euros nos 12 meses terminados em junho (dados do INE – Instituto Nacional de Estatística).
Por sua vez, a despesa de consumo avançou 4,6% para 169.400 milhões de euros, permitindo uma poupança de cerca de 19.000 milhões de euros.
Nos primeiros três meses de 2024, cada português tinha, em média, um património líquido de 105.000 euros, um aumento homólogo de 6%.
Já em comparação com o cenário pré-pandemia de covid-19, o progresso é de 29%.
“Face ao registado há 10 anos (60,7 mil euros), a riqueza média de cada português aumentou 73%”, destacou.
No que diz respeito à dívida, o peso do crédito no património líquido passou de 22,4% (há 10 anos) para 13,4% em 2024.
Em março, cada português tinha uma dívida bancária de 14.000 euros, “estabilizando face ao registado no período homólogo de 2023 e um aumento de apenas 6% em 10 anos”.
Em termos da composição do património, os portugueses têm 65.000 euros em imobiliário, sendo que, há dez anos, este valor estava abaixo dos 40.000 euros.
Em segundo lugar aparecem os depósitos bancários, que têm um peso de quase 50% no total dos ativos não financeiros.
A análise concluiu ainda que o peso dos depósitos em Portugal reflete-se numa exposição “muito diminuta a títulos cotados nos mercados financeiros”.
O investimento em títulos de dívida caiu para quase metade desde o início da pandemia, representando agora 0,4% do património líquido.
Cada português tinha, em março, 590 euros investidos em ações, o que equivale a 0,6% do património líquido. Há 10 anos, o peso era quase o dobro e antes da pandemia estava em 0,5%.
Em fundos, por seu turno, o investimento rondava os 2.720 euros, o equivalente a 2,6% da riqueza líquida.
“A preferência por depósitos para aplicar as poupanças tem representado, no ano passado, um elevado custo de oportunidade, pois estes oferecem um rendimento que muitas vezes nem consegue cobrir a inflação. É o que se perspetiva que continue a acontecer agora que o BCE está a baixar os juros”, considerou, exemplificando que quem aplicou poupança em depósitos a prazo em setembro de 2023 teve um retorno bruto de 2,3% no período homólogo.
Esta análise tem como fontes o BCE, Reuters, Banco de Portugal, Confidencial Imobiliário, IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública e a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP).