Lembra-se das orbes que liam os dados biométricos pela íris? 9 em cada 10 utilizadores querem que a Worldcoin volte a operar em Portugal

Lembra-se da empresa que lê os seus dados biométricos pela íris através de uma orbe? No passado dia 26 de março a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) decidiu suspender, por 90 dias, a recolha de dados realizada pela Worldcoin Foundation, para salvaguardar o direito à proteção de dados pessoais. No entanto, os utilizadores querem a plataforma de volta.

Um recente inquérito a quase 20 mil titulares do World ID verificado em Portugal revela que os participantes apoiam o regresso da Worldcoin e se sentem seguros ao usar a tecnologia.

A pesquisa foi realizada durante 48 horas, no início de junho de 2024, através da  World App pela Tools for Humanity (TFH), colaboradora da Worldcoin. Neste inquérito, 87% dos mais de 21 mil correspondentes, num estudo similar em Espanha, disseram apoiar o regresso das operações da Worldcoin no seu país.

No que respeita a Portugal, o inquérito mostra, mais de 8 em cada 10 acreditam que a Inteligência Artificial é a próxima grande revolução tecnológica, com potencial para impactar a sociedade como aconteceu com a Internet ou as telecomunicações nas gerações anteriores.

Para além disso, 3 em cada 4 inquiridos (77%) concordam que a Worldcoin pode ter um impacto positivo nas suas interações digitais, mas 84% dos inquiridos estão preocupados com a disseminação de informação falsa online través de IA, vídeos ou áudios deepfake.

No entanto, 8 em cada 10 consideram que a Worldcoin pode fazer parte da solução, com 82% a concordar que tecnologias como a Worldcoin e o World ID são importantes para distinguir entre humanos e bots online;

Os dados mostram ainda que 84,95% das pessoas verificadas pela Orb usam regularmente os seus dados biométricos, quer seja impressões digitais, scans faciais ou scans da íris, e 85% destes inquiridos sente-se “confortável” a “muito confortável” com o uso regular dos seus dados biométricos em apps bancárias, de cuidados de saúde ou domésticas em vários dispositivos.

Por último, 69% dos participantes acreditam que a Worldcoin é uma ferramenta que pode ajudar a tornar a Internet mais segura.

“Nos últimos anos, Portugal tem feito um excelente trabalho na atração de empresas tecnológicas internacionais que se estabeleceram no país. Estas empresas criam empregos com uma boa remuneração e investem de forma significativa no mercado. Esta é uma política manifestamente popular a nível governamental – quase 90% dos inquiridos no nosso recente questionário acreditam que Portugal deve ser um centro global para tecnologias como a IA. Esta adesão à tecnologia é comprovada através do nosso inquérito: 90% dos mais de 19.300 inquiridos afirmaram apoiar o regresso das operações da Worldcoin a Portugal e 3 em cada 4 (77%) concordam que a Worldcoin pode ter um impacto positivo nas suas interações digitais”, afirmou Thomas Scott, Chief Legal Officer da Tools for Humanity.

“Neste momento, tomámos a decisão de interromper as operações em Portugal para dar tempo à Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) analisar melhor a nossa tecnologia, mas estamos confiantes de que, uma vez concluído o processo, poderemos implementar integralmente a nossa tecnologia em todo o país, onde existe uma clara procura de soluções como a Worldcoin que podem tornar a Internet mais segura e com uma maior privacidade, acrescentou.

A adoção da medida provisória urgente surge na sequência de “largas dezenas de participações” recebidas na CNPD, dando conta da recolha de dados de menores de idade sem a autorização dos pais ou outros representantes legais, bem como de deficiências na informação prestada aos titulares, na impossibilidade de apagar os dados ou revogar o consentimento.

A CNPD tinha já adiantado à Executive Digest que, tendo por base todas as preocupações que este projeto suscitou, tinha uma investigação a decorrer sobre o Projeto Worldcoin, “tendo já realizado uma ação de fiscalização aos locais de recolha de dados, bem como feito diligências junto das empresas envolvidas no projeto, no sentido de obter informações relativas ao tratamento de dados pessoais”.

O organismo admitiu também estar em articulação com a sua congénere da Baviera, que é onde uma das empresas tem um estabelecimento na União, e portanto, atua como autoridade de controlo principal, além de estar em contacto com outras autoridades de proteção de dados da UE, que também têm cidadãos afetados por este tratamento de dados pessoais.

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