Legislativas: Imprensa espanhola destaca “cenário diabólico em Portugal” que trará instabilidade política

As eleições legislativas portuguesas deste domingo valeram destaque em vários meios de comunicação internacional, com especial enfoque nos media espanhóis. Em particular, esta terça-feira, o tema vale várias peças noticiosas e até um editorial no famoso jornal do país vizinho ‘El País’.

“As urnas deixam um duro golpe para o Partido Socialista, que governava desde 2015 e que perdeu meio milhão de votos, um sinal da desilusão de muitos dos que votaram nele há apenas dois anos para lhe conferir a maioria absoluta. Erros internos, circunstâncias externas (inflação, subida das taxas de juro, guerras) e a crise política provocada pela demissão do primeiro-ministro, António Costa, explicam o revés dos socialistas, que apesar da queda empataram com o seu principal concorrente”, assinala o diretor do jornal espanhol.

“As eleições foram vencidas pelo líder de centro-direita, Luís Montenegro, à frente da coligação Aliança Democrática, embora a sua vitória seja tão pírrica que se prevê uma forte instabilidade política. Montenegro só teria maioria absoluta no Parlamento se se aliasse ao Chega”, continua o editorial que analisa os possíveis cenários de governabilidade, e traça paralelos com o facto de em Espanha e noutros países europeus os partidos conservadores já terem ignorado o “cordão sanitário” de coligações com a extrema-direita, enquanto Montenegro recusa Governar com o Chega.

“O Chega foi o vencedor da noite. A sua vitória foi esmagadora, com 1,1 milhões de votos, e não pode ser explicada com o rótulo de extremismo de direita. Pedro Nuno Santos, o candidato socialista derrotado, distanciou-se da demagogia: “Não há 18% de portugueses racistas e xenófobos, mas há muitos portugueses indignados”. Com este apoio histórico, Ventura exige entrar no Governo, o que hoje parece quase impossível. Resta saber que estratégia seguirá, se a vingança contra o Montenegro prevalecerá ou se prevalecerá o sentido de responsabilidade e a coerência ideológica”, explica o artigo de opinião.

É recordado que, no discurso noite, Ventura atacou o Presidente da República, a imprensa portuguesa e as empresas de sondagens.

o final, sublinha-se o “cenário diabólico” que Montenegro enfrenta, já que mesmo com coligação com a Iniciativa Liberal, está longe da maioria absoluta, o que será um desafio, especialmente para aprovar Orçamentos, que já levaram no passado à queda de governos.

“A prova decisiva, porém, virá no outono, quando os sociais-democratas tiverem de apresentar a sua proposta de Orçamento do Estado para 2025 sabendo que, em princípio, não podem contar com o Partido Socialista ou com o resto da esquerda. Serão reféns do Chega, que terá das bancadas do Parlamento a chave para acabar com a legislatura antecipada e desencadear um novo ciclo eleitoral”, termina.

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