Justiça investiga morte de António Couto dos Santos, ex-ministro de Cavaco Silva. Autópsia sem resultados conclusivos

A morte de António Couto dos Santos, ex-ministro da Educação no Governo de Cavaco Silva entre 1992 e 1993, está a ser alvo de investigação devido à ausência de conclusões claras sobre a causa do óbito. O antigo governante, de 75 anos, foi encontrado morto na segunda-feira numa lagoa de um campo de golfe na Senhora da Hora, Matosinhos. Segundo revela o Correio da Manhã, a autópsia realizada ontem não apresentou resultados conclusivos, levando à necessidade de exames complementares que poderão prolongar-se por vários meses.

Apesar de não haver indícios de crime, as perícias não conseguiram determinar com precisão a causa da morte. Inicialmente, algumas testemunhas admitiram a possibilidade de afogamento, mas tal hipótese foi descartada pelos peritos. Os médicos sugerem que poderá ter sido uma morte natural, contudo, os resultados preliminares não foram definitivos, pelo que o Instituto de Medicina Legal (IML) do Porto solicitou a realização de exames toxicológicos e a análise de substâncias que possam esclarecer a paragem cardíaca que vitimou Couto dos Santos.

Uma testemunha relatou ter visto o ex-ministro a jogar golfe sozinho antes do corpo ser encontrado a boiar na lagoa. Não há qualquer registo de outra pessoa nas proximidades no momento da ocorrência. A Polícia Judiciária (PJ) do Porto não foi acionada inicialmente, uma vez que a PSP considerou tratar-se de uma morte natural. No entanto, ao ser identificado como um ex-governante, elementos da secção de homicídios da PJ questionaram a PSP sobre as diligências realizadas no local. O corpo já havia sido transportado para o IML quando a PJ decidiu acompanhar a autópsia para garantir o esclarecimento do caso.

António Couto dos Santos, natural de Esposende, teve uma carreira política marcada por cargos relevantes, incluindo o de ministro dos Assuntos Parlamentares. Contudo, foi enquanto ministro da Educação que protagonizou um dos momentos mais mediáticos do seu percurso, ao enfrentar a contestação da chamada “geração rasca”. Este movimento estudantil ficou na memória pela manifestação em que um grupo de estudantes se despiu para protestar contra as propinas, uma imagem que marcou a sua breve passagem pela pasta da Educação.

Além da política, Couto dos Santos desempenhou funções diplomáticas, tendo sido cônsul da Rússia e mediador de negócios com a China, consolidando uma carreira multifacetada ao longo dos anos.

O velório do antigo ministro terá início esta quarta-feira, às 10h30, na Igreja do Foco, no Porto. Amanhã, quinta-feira, será realizada uma missa de corpo presente, seguindo-se o funeral às 16h00 no cemitério de Forjães, em Esposende, terra natal de Couto dos Santos.