“Judeus de todo o mundo” devem estar preocupados com a sua segurança após discurso de Elon Musk, avisa responsável de associação judaica dos EUA

As declarações de Elon Musk, num comício do partido alemão Alternative für Deutschland (AfD), de que os alemães não se deveriam concentrar no passado nazi do seu país devem gerar “profunda preocupação” sobre “a segurança dos judeus americanos” e “dos judeus em todo o mundo”, alertou esta terça-feira Halie Soifer, citada pelo jornal britânico ‘The Guardian’.

“Falando como uma judia americana profundamente preocupada”, disse a presidente-executiva do Conselho Democrático Judaico da América (JDCA), “estou profundamente preocupada com a segurança dos judeus americanos, dos judeus em todo o mundo, dado o claro alinhamento do nosso presidente com perigosos extremistas de direita.”

Num discurso em vídeo ao partido germânico na passada sexta-feira, Musk salientou que era “bom ter orgulho da cultura alemã, dos valores alemães, e não perder isso em algum tipo de multiculturalismo que dilui tudo”; disse também que “as crianças não devem ser culpadas dos pecados de seus pais, muito menos de seus bisavós”; e disse que havia “muito foco na culpa do passado, e precisamos ir além disso”.

“Esta administração está claramente a tentar refazer a ordem mundial à sua imagem. E Elon Musk, dirigindo-se à AfD, encorajando a AfD, alinhando-se claramente com a AfD, também é uma forma de interferência eleitoral, além de ser incrivelmente perigoso, dadas as visões extremas de muitos de seus membros”, apontou Soifer. “Não é normal que um conselheiro sénior do presidente dos EUA se alinha a um partido político estrangeiro” a um mês das eleições, referiu.

Elon Musk negou entretanto simpatias com extrema-direita. “A saudação, a mensagem para a AfD, o facto de estar disposto a brincar sobre as críticas que está a receber, tudo isso demonstrou que aqueles ao redor de Trump não estão dispostos a reconhecer o quão perigosas são as suas palavras e ações.”

“Eles não merecem o benefício da dúvida quando se trata desse alinhamento. Tem sido um fluxo constante de sinalização para extremistas de direita de que eles têm um aliado agora na Casa Branca”, concluiu Soifer.

“É importante que os eleitores americanos, especialmente aqueles que podem ter apoiado Donald Trump, abram os olhos e vejam o que está bem na frente deles. Ele disse que seria um ditador no primeiro dia, e pela primeira vez ele está cumprir a sua promessa.”