Já são dois a querer? PM da Gronelândia está a “explorar oportunidades de cooperação” com Trump

O primeiro-ministro da Gronelândia, Mute Egede, afirmou na segunda-feira, 6 de janeiro, que o território autónomo dinamarquês está aberto a estreitar os seus laços com os Estados Unidos, especialmente na área da mineração. Contudo, Egede deixou claro que a ilha não está disponível para qualquer forma de controlo por parte dos EUA. As declarações foram divulgadas pela emissora pública groenlandesa KNR.

Cooperação económica com os EUA
“Precisamos de fazer negócios com os Estados Unidos. Iniciámos um diálogo e estamos a explorar oportunidades de cooperação com [Donald] Trump”, afirmou Egede numa conferência de imprensa. Acrescentou ainda que o território mantém as “portas abertas em termos de mineração” e que esta abordagem continuará nos próximos anos.

Apesar desta abertura, Egede sublinhou que a Gronelândia continuará a definir a sua própria trajetória política e económica. “O povo gronelandês é quem decide o seu futuro. Não queremos ser dinamarqueses. Não queremos ser americanos. Queremos ser gronelandeses”, enfatizou durante uma visita recente à Dinamarca.

Interesse estratégico e recursos naturais
A Gronelândia, com vastas reservas inexploradas de minerais e petróleo, tem vindo a despertar o interesse de potências internacionais. No entanto, o território proíbe atualmente a exploração de petróleo e urânio. Para além da sua riqueza natural, a localização estratégica da Gronelândia no Ártico torna-a um ponto de interesse geopolítico.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tem demonstrado interesse no território desde o seu primeiro mandato, quando, em 2019, sugeriu a compra da ilha. Essa proposta foi rapidamente rejeitada tanto pela Gronelândia quanto pela Dinamarca.

Mais recentemente, Trump voltou a provocar controvérsia ao recusar descartar a possibilidade de intervenção militar para assegurar o controlo da Gronelândia e do Canal do Panamá.

O vice-presidente eleito, JD Vance, confirmou no fim de semana, em entrevista à Fox News, que os Estados Unidos já mantêm uma presença militar na Gronelândia, através de uma base no noroeste do território. Esta base reforça o papel estratégico da Gronelândia nas operações norte-americanas no Ártico.

Entretanto, aliados republicanos de Trump na Câmara dos Representantes estão a promover um projeto de lei que visa autorizar negociações para a compra da Gronelândia. O projeto foi divulgado na segunda-feira, segundo a agência Reuters.

Durante uma visita recente à Dinamarca, Mute Egede destacou que a Gronelândia está a “entrar numa nova era” e a assumir uma posição central na política global. Contudo, o primeiro-ministro assegurou que qualquer cooperação com os Estados Unidos será feita “em termos groenlandeses”.

A busca pela independência da Gronelândia em relação à Dinamarca é um objetivo de longo prazo do território, mas Egede reiterou que a autonomia plena só será alcançada com base nas decisões do povo gronelandês.