“Já lá estão”: Propagandistas do Kremlin afirmam que já há armas nucleares táticas na Ucrânia

A recente sugestão feita por um convidado na televisão estatal russa, Alexei Mukhin, chefe do Centro de Informação Política, sobre a alegada presença de armas nucleares táticas na Ucrânia, gerou um intenso debate e polémica no país.

A afirmação, feita no canal Russia-1, levanta questões sobre a possível entrega de tais armas à Ucrânia por parte dos países ocidentais, mas não foram apresentadas quaisquer evidências ou provas  concretas que sustentem esta alegação.

Alexei Mukhin afirmou que a chegada dos caças F-16 fabricados nos EUA à Ucrânia – que foram amplamente solicitados pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky – seria um indício de que armas nucleares táticas já teriam sido entregues ao país. “Primeiramente, os F-16 já lá estão, e estou convencido de que armas nucleares táticas já estão lá. Infelizmente, a prática mostra que, quando anunciam algo, isso já aconteceu há vários meses”, declarou Mukhin, conforme relatado pelo site de investigação russo Agentstvo.

No entanto, não há evidências que corroboram a alegação de Mukhin. A Ucrânia, que renunciou ao seu arsenal nuclear em troca de garantias de segurança da Rússia e dos EUA como parte do Memorando de Budapeste, não recebeu armas nucleares ocidentais.

A declaração de Mukhin foi prontamente contestada por Konstantin Zatulin, membro do partido governante Rússia Unida. Zatulin argumentou que a tentativa de associar a chegada dos F-16 com uma ameaça nuclear é uma estratégia para confundir a opinião pública. “Acredito que estão a tentar enganar-nos pela língua, já que dissemos que perceberíamos a chegada dos F-16 como uma ameaça nuclear… Mas tenho certeza de que eles certamente não cruzaram o limite associado ao fornecimento de armas nucleares táticas”, afirmou Zatulin.

Ao mesmo tempo, o Kremlin continua a reforçar a sua postura em relação ao fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia, prometendo derrubar os caças F-16 fornecidos pelo Ocidente, embora afirme que estes não mudarão o rumo da guerra. A Rússia tem realizado exercícios com armas nucleares há várias semanas, alegando que estas atividades foram desencadeadas por declarações provocativas e ameaças de países ocidentais que apoiam a Ucrânia.

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou no dia 31 de julho o início da terceira fase dos seus exercícios com armas nucleares táticas, que começaram em maio. A primeira fase envolveu “testes práticos de preparação e uso de armas nucleares não estratégicas” no Distrito Militar do Sul do país, enquanto a segunda fase teve início em junho, em conjunto com tropas bielorrussas. A terceira fase, que abrange os Distritos Militares do Sul e Central da Rússia, visa “preparar as unidades das Forças Armadas da Federação Russa para o uso de combate de armas nucleares não estratégicas”, segundo o ministério.

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