Já há data oficial para a saída dos EUA do Acordo Climático de Paris
Os Estados Unidos vão retirar-se do acordo climático de Paris a 27 de janeiro de 2026, indicaram esta terça-feira as Nações Unidas, depois de Washington ter notificado formalmente o secretário-geral António Guterres da decisão de saída de Donald Trump.
Assim que tomou posse, Trump assinou uma ordem executiva a retirar os Estados Unidos do acordo climático, que visa manter a temperatura não ultrapasse em 2°C a média do séc. XIX, no fim da era pré-industrial. Depois de um novo recorde no ano passado, o mundo já está à beira de ultrapassar o limite de 1,5°C. Trump decidiu que os EUA estariam fora de quaisquer acordos ambientais que “canalizem os dólares dos contribuintes americanos para países que não requerem, ou não merecem, assistência financeira”, e também pede a suspensão do financiamento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que supervisiona a implementação do acordo de Paris e as cimeiras anuais da COP.
Donald Trump retirou os EUA do pacto climático durante a sua primeira presidência, apenas para Joe Biden reverter a decisão em 2020.
Recorde-se que esta semana o secretário-geral das Nações Unidas revelou a sua “preocupação” com a suspensão americana de novos financiamentos para programas de ajuda a nível mundial, tendo apelado à continuidade em situações “cujas vidas dependem” do apoio de Washington. “O secretário-geral observa com preocupação o anúncio de uma pausa na assistência externa dos Estados Unidos”, indicou o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em comunicado.
O líder das Nações Unidas pediu, segundo referiu Stéphane Dujarric, “que isenções adicionais sejam consideradas para garantir a prestação contínua de atividades críticas humanitárias e de desenvolvimento para as comunidades mais vulneráveis em todo o mundo, cujas vidas e meios de subsistência dependem desse apoio”.
O Departamento de Estado americano congelou na passada sexta-feira novos financiamentos para quase todos os programas de ajuda dos Estados Unidos da América (EUA) em todo o mundo, com exceção dos programas humanitários alimentares e da ajuda militar a Israel e ao Egito.
A diretiva – enviada por telegrama às embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo – proíbe novas despesas do Governo, o que parece limitar os programas a funcionarem apenas enquanto tiverem dinheiro em caixa.
O Departamento de Estado vai analisar quais dos milhares de programas de ajuda e desenvolvimento dos Estados Unidos podem continuar.
De acordo com Dujarric, António Guterres espera cooperar e contactar com a nova administração dos Estados Unidos, presidida por Donald Trump, para abordar “a prestação de apoio ao desenvolvimento”, um apoio, segundo frisou, “muito necessário para as pessoas que se debatem com os desafios mais difíceis que o mundo em desenvolvimento enfrenta”.
O porta-voz de Guterres recordou ainda que os Estados Unidos são um dos maiores fornecedores de ajuda à nível mundial, considerando “vital” que se trabalhe “construtivamente para moldar em conjunto um caminho estratégico a seguir”.
A diretiva do Governo de Trump desapontou especialmente os trabalhadores humanitários por não incluir quaisquer isenções que poupassem as clínicas de saúde e outros programas de saúde em todo o mundo ao novo congelamento de financiamento.