Israel: Inicia-se hoje pausa humanitária para vacinação de crianças contra a poliomielite em Khan Younis, na Faixa de Gaza

Hoje assinala-se o início de uma pausa humanitária na zona de Khan Younis, na Faixa de Gaza, destinada a permitir a vacinação de crianças contra a poliomielite. Esta medida faz parte de uma campanha mais ampla de vacinação que visa alcançar aproximadamente 640 mil crianças palestinianas, depois de um caso de poliomielite ter sido identificado em Gaza pela primeira vez em 25 anos.

No passado fim de semana, um grupo de crianças em Gaza recebeu as primeiras doses da vacina contra a poliomielite, um dia antes do lançamento oficial da campanha de imunização, previsto para domingo. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, as primeiras vacinas foram administradas a cerca de 10 bebés no Hospital Nasser, em Khan Younis, na tarde de sábado. Amal Shaheen, mãe de uma das crianças vacinadas, expressou o seu alívio: “Estava aterrorizada e à espera que a vacinação chegasse para que todos a recebessem”, afirmou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que a campanha oficial de vacinação teve início no domingo, 3 de setembro. Esta campanha, com duração de três dias, começou na região central de Gaza e irá prosseguir em Khan Younis e, por fim, na parte norte da Faixa de Gaza.

As autoridades israelitas concordaram em suspender temporariamente a ofensiva militar em Gaza para permitir que os profissionais de saúde administrem as vacinas. Segundo o representante da OMS nos territórios palestinianos, Rik Peeperkorn, as pausas serão diárias, entre as 6h e as 15h (03:00 a 12:00 GMT), e ocorrerão em diferentes zonas de Gaza ao longo de três dias, começando no domingo.

Estas pausas são independentes das negociações em curso para um cessar-fogo mais amplo. No entanto, Mukesh Kapila, ex-funcionário da OMS, alertou para os desafios logísticos que os residentes de Gaza enfrentarão durante estas pausas, sublinhando que “considerando a logística de viagem para as pessoas em Gaza, não será fácil para elas ir e voltar em segurança”.

Kapila também destacou as preocupações dos pais palestinianos quanto à segurança dos seus filhos, dado que os ataques israelitas a instalações de saúde continuam, agravando a já severa crise humanitária na região. Desde o início da ofensiva israelita em resposta a um ataque do Hamas em 7 de outubro, que resultou na morte de pelo menos 1.139 pessoas em Israel, a situação em Gaza deteriorou-se significativamente, com pelo menos 40.691 palestinianos mortos até agora.

No sábado passado, a agência de Defesa Civil Palestiniana em Gaza relatou que pelo menos três pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas num ataque israelita nas proximidades do Hospital Árabe al-Ahli (Hospital Batista). Este hospital já havia sido alvo de um ataque anterior durante as primeiras semanas do conflito, que resultou na morte de centenas de pessoas que se encontravam no pátio do hospital. “Esta não é a primeira vez que vemos instalações de saúde a serem diretamente e deliberadamente alvo do exército israelita,” afirmou Hani Mahmoud, repórter da Al Jazeera em Deir-el Balah.