Irão, França, Reino Unido e Alemanha retomam hoje negociações sobre programa nuclear
As próximas conversações nucleares entre o Irão e as potências europeias – França, Reino Unido e Alemanha – estão marcadas para hoje, em Genebra, de acordo com a agência semioficial iraniana ISNA, que cita o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Kazem Gharibabadi.
Gharibabadi confirmou a data , salientando que este será o mais recente esforço diplomático para abordar o programa nuclear iraniano, que tem sido objeto de intenso escrutínio e controvérsia nos últimos anos.
As conversações anteriores, realizadas em novembro, foram as primeiras desde a eleição presidencial nos Estados Unidos. Estas ocorreram num clima de tensão, após o Irão ter reagido com desagrado a uma resolução apoiada pela Europa, que acusava Teerão de cooperação insuficiente com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
Em resposta a esta resolução, o Irão informou a AIEA sobre os seus planos de instalar mais centrifugadoras de enriquecimento de urânio nas suas instalações nucleares.
No dia 17 de dezembro, França, Reino Unido e Alemanha acusaram o Irão de aumentar o seu stock de urânio enriquecido a níveis “sem precedentes” e sem “qualquer justificação civil credível”. As três potências europeias também consideraram a possibilidade de restaurar sanções contra o Irão para impedir o avanço do seu programa nuclear.
Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, declarou à Reuters, em dezembro, que o Irão estava a acelerar dramaticamente o enriquecimento de urânio até uma pureza de 60%, aproximando-se dos 90% necessários para armas nucleares.
Apesar destas acusações, Teerão insiste no seu direito de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos, negando continuamente qualquer intenção de construir armas nucleares.
Em 2015, o Irão assinou um acordo com seis potências mundiais, incluindo os EUA, comprometendo-se a limitar o seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções económicas. No entanto, em 2018, a administração de Donald Trump abandonou o pacto, reimpondo sanções severas, o que levou Teerão a violar os limites do acordo, enriquecendo urânio a níveis superiores e instalando centrifugadoras avançadas.
Desde então, as negociações indiretas entre o governo de Joe Biden e Teerão para tentar reviver o acordo têm falhado. Durante a sua campanha eleitoral em setembro, Trump afirmou: “Temos de fazer um acordo, porque as consequências são impossíveis. Temos de fazer um acordo.”
A nova ronda de negociações, que tem lugar uma semana antes do regresso de Trump à Casa Branca, será crucial para determinar o rumo das relações entre o Irão e as potências ocidentais, bem como para o futuro do programa nuclear iraniano.