Insolvência da Trust in News: Decorre hoje assembleia de credores
A Trust in News (TiN), um dos maiores grupos editoriais de Portugal, enfrenta hoje, quarta-feira, uma assembleia de credores decisiva para o seu futuro, marcada para as 11:00 no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste. A empresa, liderada por Luís Delgado e detentora de 16 publicações, entre as quais Visão, Exame, Caras e Jornal de Letras, foi declarada insolvente a 4 de dezembro de 2024.
A situação de insolvência da TiN foi formalizada após o fracasso do Plano Especial de Revitalização (PER), reprovado pelos credores a 5 de novembro de 2024. Perante este cenário, a administração do grupo anunciou a intenção de avançar com um plano de recuperação, solicitando a convocação de uma assembleia de credores para apresentar e fundamentar as suas propostas.
O administrador de insolvência nomeado pelo tribunal, André Fernando de Sá Correia Pais, é responsável por supervisionar o processo. A Comissão de Credores, que desempenha um papel crucial na avaliação do plano, inclui como membros efetivos o Instituto da Segurança Social, a Autoridade Tributária, a Impresa Publishing, o Novo Banco e o representante dos trabalhadores, que será designado pela própria Comissão. Os CTT e o BCP ocupam posições de suplentes nesta estrutura.
A reunião de hoje tem como objetivo discutir e, eventualmente, aprovar o plano de recuperação apresentado pela administração da TiN. Este documento é fundamental para garantir a viabilidade futura da empresa e evitar a sua liquidação. A aprovação dependerá do consenso entre os credores, que terão de avaliar a viabilidade financeira e operacional do plano proposto.
A Trust in News detém um portfólio significativo no panorama editorial português, com títulos de relevo que abrangem diferentes segmentos, desde revistas de negócios, como Exame e Exame Informática, até publicações culturais e de lifestyle, como Visão, Caras e Activa.
A insolvência da TiN reflete os desafios estruturais do setor dos media em Portugal, agravados pela transformação digital, pela queda das receitas publicitárias e pela redução das vendas em banca. Estes fatores foram determinantes para a rejeição do PER apresentado em novembro, que não conseguiu reunir a aprovação necessária para avançar.
Os trabalhadores da TiN, que enfrentam incertezas quanto ao futuro, aguardam ansiosamente a resolução do processo. Um representante da classe será nomeado para participar na Comissão de Credores, garantindo a defesa dos seus interesses durante as negociações.
A assembleia de credores marca um momento crítico para o futuro do grupo editorial. A aprovação do plano de recuperação pode assegurar a continuidade das operações e preservar o emprego de centenas de trabalhadores. Contudo, caso o plano seja rejeitado, a liquidação da empresa poderá tornar-se inevitável, com consequências significativas para o mercado editorial português.