Imigração? Pedro Nuno rejeita “contradição” e ir ao encontro do Governo

O líder do PS, Pedro Nuno Santos, recusou hoje qualquer contradição nas suas posições sobre imigração e afirmou que não foi ao encontro das do Governo.

No parlamento, Pedro Nuno Santos foi questionado pelos jornalistas sobre as críticas que lhe foram feitas, inclusivamente no PS, por ter admitido em entrevista ao ‘Expresso’ que não se fez tudo bem nos últimos anos quanto à imigração e anunciou que vai apresentar uma solução legislativa que permita regularizar imigrantes que estão a trabalhar mas recusando recuperar a manifestação de interesses.

“Eu respeito as críticas. Eu queria deixar claro que não há nenhuma contradição. Quem tem falado comigo sobre imigração nos últimos meses sabe que sou bem crítico do instrumento manifestação de interesse”, defendeu.

No entanto, a eliminação feita pelo atual Governo do instrumento manifestação de interesse “sem a sua substituição por outros mecanismos na lei criou um vazio legal que é muito pior que a situação que estava antes”, empurrando muitos trabalhadores estrangeiros para a ilegalidade.

Sobre o facto de o ministro da Presidência ter saudado “a mudança de opinião” do secretário-geral do PS sobre a política da imigração do Governo, dizendo que Pedro Nuno Santos “dá razão” agora ao primeiro-ministro, o líder do PS recusou esta ideia.

“Eu não fui ao encontro do governo sobre este tema, há uma grande confusão sobre isso. Não há nenhuma cambalhota, não há nenhuma contradição, porque o instrumento legal que existia não era o mais adequado, o vazio legal que o Governo deixou ainda é pior porque empurra muitos trabalhadores estrangeiros para a ilegalidade”, respondeu.

Pedro Nuno Santos reiterou que o PS vai apresentar “propostas alternativas à manifestação de interesse para preencher o vazio que o governo deixou”.

“Para mim é impensável que seja o mercado a determinar os fluxos migratórios, tem que haver regulação, até porque o país tem que se preparar e tem que preparar o Estado Social para receber quem escolhe viver e trabalhar em Portugal e, portanto, obviamente, que a regulação não pode ser deixada apenas ao mercado”, defendeu.

Questionado sobre se teme uma divisão interna no PS com este posicionamento, o líder socialista considerou que no “maior partido português” é possível “conviver com opiniões diferentes”.

“Agora, no essencial, nós estamos todos alinhados, desde logo, no respeito por todos, e nomeadamente por aqueles que escolhem viver e trabalhar em Portugal. Isso é basilar no Partido Socialista. Agora, entendo que, de facto, o instrumento que existia não era o melhor, não é o mais adequado, o vazio legal que o governo deixou não é o mais adequado”, insistiu.