Homicida é apanhado pelo Google Maps a esconder corpo na bagageira do carro e acaba detido
No pequeno município de Tajueco, em Soria, com apenas 56 habitantes, a tranquilidade foi abalada por um caso de homicídio que ganhou visibilidade graças a uma imagem capturada pelo carro do Google Maps. Em outubro de 2024, enquanto percorria a aldeia para atualizar as imagens da plataforma, o veículo registou um homem a colocar um grande volume no porta-bagagens do seu Rover de cor borgonha. A foto, disponível para qualquer visitante virtual, tornou-se uma peça-chave numa investigação policial que desvendou o desaparecimento de um cidadão cubano.
Manuel Isla Gallardo, conhecido na aldeia como “El Lobo”, foi apanhado de surpresa pelas câmaras do Google. Na imagem, o homem de 48 anos, careca e com um aspeto inconfundível, está debruçado sobre o porta-bagagens, transportando um volume branco de forma suspeitamente humana. A cena ocorreu numa rua deserta, protegida por persianas fechadas e portas com cortinas corridas. Contudo, o registo foi suficiente para que os investigadores ligassem os acontecimentos ao desaparecimento de J.L.P.O., um cubano de 33 anos, que vivia em Soria.
A vítima teria viajado até Tajueco para encontrar a sua companheira, mas acabou por se tornar alvo de um crime brutal. O corpo desmembrado foi descoberto em dezembro de 2024, enterrado no cemitério da pequena localidade de Andaluz, a 10 quilómetros de distância. Apenas o torso foi localizado, estando as restantes partes ainda desaparecidas.
O alerta foi dado em novembro de 2023, quando um primo de J.L.P.O., residente em Saragoça, reportou à polícia o desaparecimento do familiar. Ele desconfiou de mensagens recebidas do número da vítima, que alegavam uma mudança repentina de país. Convencido de que não era o primo a escrever, o parente acionou as autoridades, que iniciaram uma investigação que culminou nas detenções de Manuel Isla e da ex-companheira da vítima, agora acusados de homicídio, detenção ilegal e ocultação de cadáver.
Os habitantes de Tajueco mostram-se incrédulos perante os acontecimentos. “Nunca imaginámos que estivesse a fazer algo de errado”, afirmou um vizinho que viu a imagem de Isla no Google Maps. Outro morador acrescentou que, embora o acusado fosse reservado, tinha começado a integrar-se melhor na comunidade nos últimos tempos. Ainda assim, reconhecem agora a presença de estranhos no local, presumivelmente agentes disfarçados.
Além da foto inicial, os investigadores identificaram outra imagem na plataforma que pode ser relevante. Num plano mais distante, vê-se uma silhueta a carregar um grande volume branco numa carreta-reboque, numa cena que os locais inicialmente interpretaram como transporte de lenha.
Apesar das hesitações iniciais, os registos visuais ajudaram a polícia a ligar Manuel Isla à ocultação do corpo, que terá sido transportado no seu carro até Andaluz, onde foi enterrado.
A investigação revelou um triângulo amoroso entre os acusados e a vítima. Isla e a mulher, antigos cônjuges, partilhavam uma relação com altos e baixos. A mulher teria iniciado um relacionamento com J.L.P.O., mas os motivos do crime ainda estão sob investigação.
Em Bayubas de Arriba, outra aldeia próxima, os comentários também se acumulam. “Era trabalhador aqui no bar local, mas nos últimos tempos estava mais alheado”, conta um residente, que recorda o acusado como um homem de trato comum, embora reservado. Fotografias dos detidos circulam agora entre os habitantes, gerando comentários irónicos e macabros.
O caso chocou a região e trouxe um raro momento de notoriedade a estas aldeias isoladas de Soria, onde as câmaras do Google Maps, após 15 anos de ausência, foram testemunhas de um crime que de outra forma poderia ter permanecido oculto.