Holofotes apontados aos bancos centrais: Cortes no BCE e expectativa de estabilidade na Fed estão em cima da mesa
O movimento de “alívio tarifário” tem ganho força, uma vez que a atividade inicial e as ordens executivas de Trump parecem, por agora, estar concentradas noutros aspetos e “os mercados aguardam que os seus piores receios nesta frente não se concretizem”, afirma Joana Vieira, Partner da Ebury Portugal.
A recuperação de quase todas as principais moedas face ao dólar foi liderada pela libra esterlina entre os países do G10 e pela América Latina entre os mercados emergentes. “Este último movimento será testado em breve pelo anúncio de tarifas que visam especificamente a Colômbia”, alerta Joana Vieira, em retaliação pela recusa do presidente colombiano, Petro, em aceitar os voos de repatriamento de migrantes dos EUA no fim de semana.
A disputa com a Colômbia é um lembrete de que “a situação é muito fluida e que as decisões de Trump podem ter tanto ou mais impacto no mercado do que uma decisão económica fundamental ou uma alteração das taxas da Reserva Federal”. A imprevisibilidade das ações do ex-presidente norte-americano pode, assim, afetar de forma significativa os mercados financeiros.
Para esta semana, as atenções estão voltadas para as reuniões de janeiro dos dois bancos centrais mais importantes do mundo: a Reserva Federal e o Banco Central Europeu (BCE). No entanto, a administração de Trump, com a sua natureza imprevisível, pode roubar as atenções a qualquer momento com uma súbita decisão tarifária. “Vamos limitar-nos a prever o previsível e, neste caso, há poucas dúvidas sobre o resultado de ambas as reuniões dos bancos centrais: um corte do BCE e nenhuma alteração da Fed”, prevê Joana Vieira.
Nos mercados, a chave para as duas reuniões será, como sempre, o tom das comunicações que acompanharão as decisões. “Para os mercados, a chave de ambas as reuniões será o tom das comunicações que acompanharão as decisões”, afirma a especialista, que destaca a importância da abordagem adotada pelos bancos centrais na gestão das expectativas do mercado.