Hamas liberta segundo grupo de reféns israelitas este sábado em troca de 180 presos palestinianos

O grupo militante Hamas vai libertar este sábado quatro reféns, no âmbito do cessar-fogo em curso na Faixa de Gaza. A libertação está condicionada à troca por dezenas de palestinianos presos ou detidos por Israel. No entanto, até ao momento, as autoridades israelitas não confirmaram a lista divulgada. No entanto, de acordo com a ‘BBC’, as reféns que vão ser libertadas são Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag. Em troca, sairão de cativeiro cerca de 180 prisioneiros palestinianos mantidos em Israel.

Famílias de reféns que continuam sob custódia dos militantes em Gaza instaram o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a garantir a libertação de todos os capturados. A Ayelet Samerano, cujo filho Yonatan Samerano é um dos reféns, também apelou diretamente ao presidente americano, Donald Trump, pedindo que continue a pressionar pelo regresso de todos. “Ainda temos 94 reféns, precisamos de todos eles em casa imediatamente”, declarou, expressando gratidão pelos avanços já alcançados.

Cessar-fogo e os seus impactos

O cessar-fogo trouxe alívio após 15 meses de conflito devastador. Desde o início do acordo, o Hamas comprometeu-se a libertar 33 reféns de forma gradual, em troca de centenas de prisioneiros palestinianos. No domingo passado, três israelitas foram libertados em troca de 90 palestinianos, marcando o início do acordo.

Fontes israelitas estimam que até metade dos mais de 90 reféns ainda em Gaza possam ter perdido a vida. No entanto, o Hamas não revelou informações concretas sobre quantos continuam vivos ou a identidade dos falecidos.

O acordo prevê que os reféns libertados na primeira fase incluam mulheres, crianças, pessoas doentes e maiores de 50 anos, com prioridade para civis e soldados do sexo feminino. Em caso de falta de reféns vivos nessas categorias, o Hamas poderá devolver corpos.

No terreno, o cessar-fogo permitiu que deslocados tentassem regressar às suas casas, muitas delas em ruínas. Em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, famílias aguardam ansiosamente para retornar ao norte, incluindo Gaza City, onde a devastação é evidente. Nadia Al-Debs, residente deslocada, partilhou o desejo de “beijar a terra” ao regressar. No entanto, a incerteza sobre as condições das habitações persiste. “Deus sabe se encontrarei a minha casa de pé”, lamentou Nafouz al-Rabai, também deslocada.

Conforme estipulado no acordo, a partir deste sábado, os civis poderão deslocar-se pela estrada costeira entre o norte e o sul de Gaza, após a retirada de tropas israelitas dessa via crucial. Este movimento faz parte do esforço para aliviar as condições extremas enfrentadas pela população.

Os reféns libertados faziam parte de cerca de 250 pessoas capturadas por militantes durante o ataque de 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 israelitas e desencadeou o conflito atual. Ao longo dos meses seguintes, cerca de 100 reféns foram libertados durante uma trégua temporária, enquanto corpos de dezenas foram recuperados. Outros oito foram resgatados pelas forças israelitas.

De acordo com as autoridades de saúde em Gaza, mais de 47 mil palestinianos morreram desde o início do conflito, mais de metade mulheres e crianças, embora não haja distinção clara entre combatentes e civis.

O acordo entre Hamas e Israel é visto como um passo crítico para aliviar a crise humanitária e trazer estabilidade à região, mas permanece frágil. “Todos os reféns devem voltar para casa, e nenhum deles tem tempo a perder”, reforçou Samerano, ecoando o sentimento de urgência partilhado por famílias e mediadores internacionais.

A libertação prevista para este sábado será um novo teste à implementação do cessar-fogo, enquanto a comunidade internacional continua a acompanhar de perto os desenvolvimentos.