Há um ano, violento sismo de magnitude 6,8 fez 3.000 mortos em Marrocos. Milhares continuam sem casa

Um ano depois do terramoto devastador que abalou Marrocos, matando cerca de três mil pessoas, muitos dos sobreviventes ainda vivem em tendas. Embora o Governo marroquino tenha prometido reconstruir as casas de milhares de famílias afetadas, apenas uma pequena fração das habitações destruídas foi até agora recuperada, o que revela o ritmo lento do processo de reconstrução.

O sismo, que assinala hoje um ano, ocorreu a 8 de setembro de 2023 com o epicentro na localidade de Ighil, situada a 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe. O tremor foi sentido em Portugal e Espanha e registou uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos. No entanto, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) registou uma magnitude ligeiramente inferior, de 6,8.

O abalo ocorreu à noite, poucos minutos depois das 23:00, apanhando muitas pessoas de surpresa. No entanto, várias conseguiram fugir para as ruas antes do colapso das construções. Entre as vítimas que sobreviveram estão Habibar e Mohammed Boudad, que na altura celebravam uma cerimónia pré-nupcial. Graças à festa ao ar livre, o casal e os seus convidados escaparam ilesos ao colapso das casas na aldeia da noiva, onde nenhuma habitação ficou de pé.

“Ficámos quatro dias com a mesma roupa”, recorda Habibar. “Foi um milagre termos sobrevivido todos.” A cerimónia, que deveria ser uma celebração íntima, acabou por salvar muitas vidas na comunidade.

O terramoto causou a destruição de muitos edifícios históricos, alguns dos quais classificados como património da humanidade. Embora as construções mais modernas tenham resistido melhor ao sismo, a perda de estruturas de grande valor histórico e cultural foi avassaladora.

Com medo de novas réplicas, muitos marroquinos passaram noites ao relento, e um ano depois, milhares continuam sem um teto permanente. Embora o governo tenha prometido um investimento de 10 mil milhões de euros ao longo de cinco anos para reconstruir casas, edifícios públicos e património histórico, os avanços são lentos. Até ao momento, apenas mil das 56 mil casas destruídas foram totalmente reconstruídas.

A crise também atingiu gravemente os mais pobres, particularmente aqueles que viviam da agricultura e da pastorícia. Como parte dos esforços de socorro, o governo distribuiu cevada e ajudou a repor o gado perdido, garantindo que milhares de cabeças de gado fossem fornecidas às famílias que dependiam destes recursos para sobreviver.

No entanto, apesar das promessas de ajuda e reconstrução, as autoridades ainda não revelaram quantas pessoas continuam a viver em condições precárias, abrigadas em tendas ou estruturas temporárias. Um ano depois da tragédia, a realidade para muitos marroquinos continua a ser de incerteza e sofrimento.

A meta estabelecida pelo governo marroquino de cinco anos para concluir a reconstrução parece cada vez mais distante, deixando muitas famílias a viver no limbo, sem saber quando poderão finalmente regressar às suas casas. O que deveria ter sido um período de recuperação transformou-se, para muitos, numa longa espera por uma vida normal.

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