Há sete dias que morrem mais de 500 portugueses por dia. Funerárias nunca viram nada assim
Há sete dias consecutivos que a barreira das 500 mortes diárias é ultrapassada, segundo dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito da Direção-Geral de Saúde (DGS), citados pela ‘TSF’. O feito aconteceu entre terça-feira da semana passada e o último domingo, devido à conjugação do frio com a pandemia da Covid-19.
Segundo a mesma publicação, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) já tinha concluído que o fim do ano de 2020 tinha sido marcado por uma sequência de 10 semanas com excesso de mortalidade, ou seja mais de dois meses, agravando-se agora no inicio de 2021.
Nos últimos sete dias verificam-se 1.254 mortes em excesso e segundo a ‘TSF’, entre 1 e 10 de janeiro morreram 5.025 pessoas, mais 1.085 do que a média dos últimos cinco anos. Destes, apenas 200 não têm como causa o novo coronavírus, que matou 897 portugueses nesta mesma altura.
Carlos Almeida, presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas, diz que depois de mais de 15 anos de experiência, nunca viu nada assim. «Há subidas nesta altura, mas não me lembro de nada com esta intensidade durante tanto tempo e penso que ainda não atingimos esse pico», afirma citado pela estação de rádio.
Segundo o responsável, a capacidade do sistema «está muito no limite, pois, seguramente, já não existe capacidade de frio para a rapidez com que os cadáveres devem ser retirados dos grandes hospitais», afirmou. «Os hospitais deveriam ter já contentores frigoríficos externos para precaver toda esta situação», acrescentou.
«As câmaras de frio estão superlotadas, existindo já, com certeza, muitos cadáveres que não chegarão a ir ao frio, ficando em salas com temperaturas mais reduzidas através de equipamentos de ar condicionado», referiu.