Há práticas de “tráfico humano” nos condutores de TVDE na Grande Lisboa, acusa responsável
Há práticas de “tráfico humano” na região da Grande Lisboa, alertou esta terça-feira Ângela Reis, presidente da Associação Nacional Movimento TVDE (ANM-TVDE), em entrevista ao ‘Jornal Económico’. Recorde-se que o Parlamento vai debater, esta semana, o setor das empresas de transporte individual de passageiros em veículo descaracterizado (TVDE).
“Há algo que está a acontecer na região da Grande Lisboa, porque temos muitos motoristas vindos de países como o Bangladesh, Nepal, Paquistão, Afeganistão, que estão cá há duas semanas e já conduzem viaturas TVDE, ou seja, têm licenças que não são deles”, denunciou Ângela Reis, salientando que o que está a acontecer “é tráfico humano”.
“São pessoas que andam a trabalhar muitas horas, às vezes com duas ou três contas de TVDE para pagar a comida, para pagar a habitação e a passagem de vinda. Por vezes, estão em apartamentos com 10 e 12 pessoas e nunca ganham dinheiro, visto que só recebem para pagar as dívidas”, sublinhou.
Segundo as regras do setor, todos os motoristas são sujeitos a exames para serem admitidos como operadores de TVDE mas a responsável garantiu que nesse processo existem ilegalidades. “Fiz alguns telefonemas para algumas escolas a dizer que tinha 15 motoristas que não sabiam falar português e que eu sabia que o exame final era em português e disseram-me para ir lá à escola falar com o responsável porque havia maneira de dar a volta ao assunto”, denunciou Ângela Reis.