«Há o risco de o SNS colapsar e de termos de escolher doentes a partir da próxima semana», alerta especialista

João Gouveia, Presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva, revelou esta segunda-feira à ‘Rádio Observador’ que existe o «risco de o sistema do Serviço Nacional de Saúde (SNS) colapsar» perante a tendência crescente de infeções e internamentos por Covid-19.

«Corremos o risco do sistema do SNS colapsar, neste momento já há apoio dos privados na luta contra a Covid e neste momento, com números a repetirem-se sistematicamente e até a subirem, segundo as previsões, torna-se impossível de conseguir dar resposta», alertou.

Contudo, o responsável indica que para já «de uma maneira global, não estamos ainda a escolher doentes, para além das escolhas que se fazem individualmente, agora corremos o risco de ter de o fazer na próxima semana se continuarmos com este ritmo»., afirma à estação de rádio.

Desta forma João Gouveia defende um aperto do cerco, com medidas mais restritivas. «Temos que diminuir o contágio, trazer os números da prevalência e incidência para baixo e trazer toda a transmissão para baixo, senão não há capacidade de resposta».

«Parece haver já, com estas medidas, uma discreta melhoria, uma inflexão da curva do Rt (risco de transmissão), só que ainda não é suficiente e como temos muitos casos, vai demorar até que esse controlo seja feito, portanto é necessário haver medidas para controlar a transmissão, que terão de ser prolongadas», defende.

Segundo João Gouveia, «muitas das medidas não têm de ser ditadas pelo Governo, a sua maioria têm de ser cumpridas por cada um de nós», afirma, «Ando na rua para ir trabalhar e a quantidade de pessoas que está na rua é inacreditável», acrescenta criticando os estabelecimentos que regressam ao seu «horário habitual», como se «não se estivesse a passar nada, é uma inconsciência», considera.

«A vacina trouxe realmente a luz ao fundo do túnel e uma esperança, mas as pessoas têm de perceber que essa esperança só se vai concretizar no terceiro trimestre deste ano, antes de Agosto, Setembro não vamos sentir o efeito da vacina», adianta. «Demora tempo».