Governo vai pagar por árvores que capturem carbono
No âmbito da batalha contra as alterações climáticas João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Acção Climática, revelou que o Estado vai pagar a alguns produtores florestais por árvores que capturem carbono. Isto porque «o país não é homogéneo e as situações são diversas. A ideia é, consoante os ecossistemas em causa, pagar um valor que andará entre os 80 e os 150 euros por hectar/ano», disse citado pela TSF.
Desta forma, os proprietários de terras em zonas abrangidas pelos Programas de Reordenamento e Gestão de Paisagem, terão direito a «um contrato a 20 anos para que os proprietários cuidem daquele espaço florestal. Sabendo nós que se as espécies que queremos plantar deverão viver entre 40 e 50 anos ao fim de 20 anos elas já terão um valor económico suficientemente grande para que ninguém se esqueça onde está o seu terreno», revela o ministro.
A medida vai começar por ser implementada nas Serras da Falperra e Padrela/Marão e Alvão, Serras da Lousã e do Açor e Pinhal do Interior, num total de 20 Programas de Reordenamento e Gestão da Paisagem, de carácter obrigatório para as 20 áreas contempladas, podendo os donos das terras ser obrigados a arrendá-las ao Estado, caso se recusem a fazer o proposto.
«Nos casos em que houver algum proprietário que não possa, que não queira fazer essa intervenção o Estado reserva-se a possibilidade de (isto tem que ser legislado) fazer o arrendamento forçado desses terrenos em prol da transformação do território nas zonas consideradas mais criticas, mas apenas e só nestas», esclarece Matos Fernandes.
O ministro considera que apesar da maior parte da área florestal ser privada «isso não pode ser um álibi para não intervirmos, porque a floresta é um sumidouro de carbono que Portugal necessita para ser neutro em carbono e por isso mesmo, havendo aqui um bem público que está em causa (bem público esse que tem que ser remunerado) o Estado deve começar a intervir o quanto antes», afirmou citado pela TSF.
Quando questionado sobre se o governo ia ordenar o arranque de eucaliptos, Matos Fernandes respondeu: «Eu não tenho sanha contra nenhuma espécie. Se nós queremos provocar a descontinuidade florestal para inibir a propagação de grandes fogos rurais; e, como as grandes manchas florestais que existem com uma espécie são o eucalipto é inevitável que haja zonas de eucalipto que venham a ser substituídas por outras espécies como sejam as quercineas e as folhosas de uma maneira geral».
O ministro do ambiente considera realmente importante «transformar a paisagem portuguesa para nós termos uma política de fundo, para nós termos um território resiliente ao fogo numa paisagem construída em mosaico com muitas descontinuidades, com uma fortíssima presença da floresta mas com árvores adaptadas ao território e não tendo as grandes manchas de monocultura que existem sobretudo no centro do país», conclui.