Garland: Uma empresa com dois séculos de história
Líder em logística, transportes e navegação, a história da Garland é uma lenda no mundo empresarial português
história já foi repetida tantas vezes que já se tornou numa lenda no mundo empresarial português. Aquela que é actualmente uma das cinco empresas mais antigas em actividade no país, operando na área de transportes, logística e navegação, surgiu na sequência de uma tempestade que revelou a Thomas Garland o potencial comercial de Lisboa para a venda do bacalhau que trazia da Terra Nova.
O jovem comerciante viu-se obrigado pela intempérie a desviar a sua embarcação para o porto da capital portuguesa e, para não perder toda a carga que transportava, decidiu tentar vendê-la. E foi bem-sucedido. No ano seguinte, em Abril de 1776, ainda os EUA estavam a cerca de três meses de conquistar a sua independência, o britânico fundou em Lisboa a Garland. Ao longo da sua rica história, que atravessou momentos marcantes como as Invasões Francesas, a Implantação da República, as guerras mundiais, a Ditadura do Estado Novo, a Revolução de Abril, pandemias e as várias crises financeiras que o país sofreu ao longo dos últimos 245 anos. Em 1855 tornou-se agente de navegação e também a forma como o negócio viria a arrancar é digna de lenda.
Os armadores de Liverpool procuravam um agente em Portugal e fizeram da empresa portuguesa sua parceira através de um “contrato” de cinco linhas, assinado por todos os operadores daquele que, na altura, era o principal centro de navegação da Europa. «Esse contrato, que não é mais do que uma página escrita à mão com as assinaturas de todos os armadores de Liverpool, sem qualquer consideração em termos de concorrência, permitiu-nos disponibilizar em Portugal serviços de transporte de carga convencional e em contentores de e para destinos como Europa, Mediterrâneo, Ásia, Médio e Extremo Oriente e Américas do Norte, Central e do Sul», conta Peter Dawson, presidente do Grupo Garland. Em 1939, a empresa voltaria a virar uma crise a seu favor. Estávamos no início da II Guerra Mundial.
«Dada a sua neutralidade no conflito, Portugal, Espanha e Suíça formaram um corredor logístico ao longo do qual decorria o comércio internacional. Atenta à oportunidade, a Garland entrou no negócio transitário marítimo e ferroviário», recorda Peter Dawson. Com a Revolução de Abril, a Garland iniciou o transporte dos bens dos compatriotas regressados de África, oportunidade nascida da crise e que proporcionou à empresa o crescimento da sua área de transporte. Já a entrada no negócio logístico arrancou em 1994. 18 anos depois, em 2012, e dispondo de apenas 7000 m2 de área logística própria, a Garland dá o grande impulso a este negócio inaugurando um centro logístico na Maia, várias vezes premiado pela inovação das suas soluções de construcção.
Em 2016, quatro anos após a inauguração da unidade pelo Presidente da República de então, Aníbal Cavaco Silva, já o centro logístico era ampliado para receber as operações logísticas ligadas ao e-commerce. Hoje, a empresa dispõe de 85.000 m2 de armazéns em Cascais, Aveiro, Vila Nova de Gaia e Maia.