Fuga de Vale de Judeus: Recluso capturado em Marrocos tinha plano para fugir para a Argélia e escapar a extradição
Fábio Loureiro, conhecido como Fábio ‘Cigano’, tinha um plano meticuloso para escapar à justiça portuguesa, após a sua fuga da prisão de Vale de Judeus a 7 de setembro, e que culminou com a detenção do recluso, em Marrocos.
O criminoso, de 33 anos, começou por dirigir-se para Espanha, com o objetivo de se manter em movimento e não ser localizado pelas autoridades. No entanto, o seu destino final não era Espanha, mas sim a Argélia, um país sem acordo de extradição com Portugal.
Fontes próximas da investigação confirmaram ao Correio da Manhã que a Argélia tem sido um refúgio para diversos foragidos europeus, e Fábio ‘Cigano’ contava juntar-se a este grupo. Entre os círculos criminosos, é conhecido que, com o pagamento de quantias avultadas, é possível obter um “pacote” completo para mudar de identidade. Este serviço inclui transporte para a Argélia, passaporte e documentos falsos, e até o casamento com mulheres argelinas, como estratégia para obter a nacionalidade do país. Este teria sido o plano de Fábio Loureiro para evitar a sua extradição e continuar a sua vida em liberdade.
Após a sua fuga, Fábio seguiu para Espanha, onde passou alguns dias no Bairro de El Vacie, em Sevilha, uma área conhecida por abrigar pessoas próximas do criminoso. A Polícia Judiciária (PJ) nunca perdeu a sua pista, acompanhando cada movimento do fugitivo. As autoridades monitorizaram as suas atividades nas redes sociais, que Fábio continuava a utilizar, alterando frequentemente as suas contas. Foi através destas interceções e da análise das comunicações que a PJ conseguiu traçar o percurso do criminoso.
Durante todo este período, Fábio contou com o apoio de várias pessoas, o que também foi alvo de investigação por parte das autoridades. Um dos momentos chave para a operação da PJ ocorreu quando, no domingo à noite, um outro português foi detido em Tânger, na carrinha onde Fábio se encontrava. Este indivíduo, apanhado pelas 22h00, fazia parte da rede de apoio que ajudava Fábio na sua fuga. A participação da mulher de Fábio, Rita Loureiro, foi igualmente determinante para as investigações. Rita deslocou-se até Marrocos para se encontrar com o marido, o que ajudou a PJ a definir o destino final do foragido.
A fuga de Fábio terminou com a detenção em Tânger, Marrocos, e na terça-feira à tarde, já estava a ser interrogado no Tribunal de Tânger. Esta audiência tinha como objetivo a aplicação de uma medida de coação enquanto se aguarda o processo de extradição para Portugal. No entanto, o advogado de Fábio Loureiro, Lopes Guerreiro, fez saber que irá opor-se à extradição através de um representante legal local. Esta ação jurídica poderá adiar o processo, dado que a defesa tem o direito de contestar a extradição, embora se espere que o mesmo venha a ser concluído a favor das autoridades portuguesas.
Após o interrogatório, Fábio será transferido para Rabat, capital de Marrocos, onde deverá aguardar o desfecho do seu processo de extradição. A sua fuga tornou-se uma das prioridades da PJ, que agora concentra os seus esforços na captura dos outros quatro reclusos que escaparam da prisão de Vale de Judeus na mesma data. Estes indivíduos também tiveram apoio externo, utilizando cordas e escadas para escapar, e continuam a ser procurados.
Ao longo dos últimos anos, Fábio e Rita mantiveram contacto frequente através das redes sociais, mesmo enquanto ele cumpria pena nas prisões de Monsanto e Vale de Judeus. As redes sociais serviam de principal meio de comunicação entre o casal, com Rita frequentemente a partilhar fotografias do casamento e juras de amor eterno, sendo esta a imagem de perfil da sua conta pessoal.
Apesar da recaptura de Fábio Loureiro, a PJ continua a trabalhar para localizar os restantes foragidos que escaparam da prisão de Vale de Judeus a 7 de setembro. A fuga envolveu um plano bem organizado, com a utilização de escadas e cordas para facilitar a evasão, e é claro que os fugitivos contaram com apoio externo. Até ao momento, as autoridades continuam a seguir pistas e a procurar esses indivíduos, numa operação que se mantém em curso.
Fábio ‘Cigano’, que estava a cumprir uma pena de 25 anos de prisão, é considerado um criminoso muito perigoso e a sua recaptura representou um importante avanço nas investigações da PJ. Contudo, a pressão continua para que todos os envolvidos sejam trazidos de volta à justiça portuguesa.