França: Ministro do Interior promete mudar regras da imigração após assassinato de estudante universitária por suspeito marroquino

O novo ministro do Interior francês, de orientação direitista, afirmou que haverá consequências após a detenção, na Suíça, de um homem marroquino suspeito de ter assassinado uma estudante universitária de 19 anos, cujo corpo foi encontrado numa floresta. A vítima, conhecida apenas pelas autoridades como Philippine, tornou-se o centro de uma crescente tensão política em França, onde o governo de direita pretende intensificar o combate à imigração.

Uma fonte próxima ao caso revelou ao The Guardian que o alegado atacante é um homem de 22 anos, de nacionalidade marroquina. Os procuradores afirmaram que o suspeito já tinha antecedentes criminais, incluindo uma condenação por violação, e que estava sob uma ordem de expulsão de França. “Este é um crime abominável”, disse Bruno Retailleau, ministro do Interior, que se comprometeu a reforçar a lei e a ordem, endurecer a legislação de imigração e facilitar a deportação de estrangeiros condenados por crimes.

“É nosso dever, como líderes públicos, recusar aceitar o inevitável e desenvolver o nosso arsenal jurídico para proteger os franceses”, acrescentou. “Se for necessário mudar as regras, vamos mudá-las.”

O corpo da estudante foi encontrado no sábado no parque Bois de Boulogne, em Paris, não muito longe da Université Paris-Dauphine, onde Philippine estudava. Um cidadão marroquino foi detido na terça-feira no cantão de Genebra, na Suíça, e identificado como suspeito do homicídio cometido em Paris, informou um porta-voz do ministério da Justiça suíço à AFP.

“O Escritório Federal da Justiça ordenou a detenção para fins de extradição com base em um pedido de prisão de França”, acrescentou a porta-voz.

Philippine foi vista pela última vez na universidade na sexta-feira. Testemunhas relataram ter visto um homem com uma picareta, segundo uma fonte policial.

De acordo com os procuradores, o homem havia sido condenado em 2021 por uma violação cometida em 2019, quando era menor de idade. Ele foi libertado em junho, após cumprir a sua pena, e posteriormente colocado num centro de detenção administrativa. No início de setembro, um juiz decidiu libertá-lo sob a condição de que ele se apresentasse regularmente às autoridades. Contudo, pouco antes do assassinato da estudante, o suspeito foi colocado numa lista de procurados por ter violado as condições da sua libertação.

O assassinato da estudante gerou uma onda de indignação em todo o país, com políticos tanto da extrema direita quanto da esquerda a exigir medidas rigorosas. “A vida de Philippine foi roubada por um migrante marroquino que estava sob uma ordem de expulsão”, afirmou Jordan Bardella, líder do partido de extrema direita Rassemblement National (RN), o maior partido único no parlamento, numa publicação no X. “O nosso sistema de justiça é brando, o nosso estado é disfuncional e os nossos líderes estão a permitir que os franceses vivam ao lado de bombas humanas”, acrescentou.

“É tempo de este governo agir: os nossos compatriotas estão zangados e não vão ter papas na língua”, enfatizou Bardella.

O ex-presidente socialista François Hollande também se pronunciou, afirmando que as ordens de deportação devem ser executadas “rapidamente”.

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