Finanças dos portugueses sob pressão. “Quanto maior for o conhecimento mais perto estarão de decidir bem”, afirma Rui Cunha Santos

A empresa portuguesa Doutor Finanças, acaba de lançar uma Academia com o firme propósito de reforçar o seu papel no aumento da literacia financeira em Portugal.

Em entrevista à Risco, Rui Cunha Santos, diretor coordenador da Academia Doutor Finanças, explica como vai funcionar esta solução que, diante da pandemia da Covid-19, visa, ainda mais, esclarecer e ajudar os portugueses na gestão das suas finanças.

Em que consiste este novo projeto e porque nasce agora, em tempos de pandemia?

Este projeto faz parte da missão do Doutor Finanças, que é ajudar as famílias portuguesas a tomar decisões financeiras mais conscientes. A Academia Doutor Finanças atua em dois pilares: rede de intermediários de crédito e formação. Entendemos que esta é a melhor altura para fazermos chegar os nossos produtos e serviços a mais pessoas.

Tendo o Doutor Finanças uma génese digital, sabemos que existe ainda uma parte significativa da nossa população que prefere tratar destas temáticas de forma presencial, e foi neste sentido que decidimos criar a rede de Intermediários de Crédito Doutor Finanças. Queremos ter uma presença física em todo o território português, estar mais próximo de todos para que todos possam usufruir do nosso know-how e dos nossos serviços.

Os nossos Intermediários de Crédito são pessoas muito bem preparadas, com formação específica, conhecedores das melhores propostas financeiras no mercado português. Os nossos especialistas estão preparados para ouvir e perceber os desejos e necessidades dos nossos clientes, aconselhando, de forma gratuita, a melhor proposta para cada caso concreto. Além disso, disponibilizamos uma área de formação, que através de cursos e workshops, pretende dotar as pessoas de mais conhecimentos na área da gestão financeira. O objetivo é dar às pessoas mais ferramentas para conseguirem lidar com estas questões.

A Academia Doutor Finanças estava pensada antes da pandemia, tem sido cuidadosamente preparada e encontra-se agora em fase de implementação. A pandemia acabou por acelerar este projeto, porque queremos estar preparados e disponíveis para ajudar as famílias que estejam a sentir, ou venham a sentir, o impacto do atual contexto económico nas suas finanças pessoais.

Que novas necessidades trouxe a pandemia no plano da literacia financeira?

O contexto de crise económica e elevada incerteza aumentou a necessidade de conhecimento. Isto porque esta situação pode obrigar a que muitas famílias tenham de tomar decisões financeiras. Seja por perda de rendimentos porque as empresas entraram em lay-off, seja porque ficaram desempregados, muitos portugueses terão agora a missão de conseguir pagar as suas dívidas. Este contexto traz desafios que obrigam a que as famílias portuguesas tenham de repensar as suas opções financeiras. Terão de saber orçamentar muito bem e controlar ao longo das semanas o seu orçamento familiar. Têm também de perceber como é que poderão cortar nas suas despesas regulares e precisam de saber como é que poderão criar um fundo de maneio que lhes permita solver uma situação não programada, entre muitos outros desafios. Quanto maior for o conhecimento de literacia financeira, mais perto estarão de decidir bem e tomar melhores decisões que permitam um menor impacto financeiro nesta era Covid-19. Desta forma, a formação e a presença próxima dos nossos especialistas junto da população têm o objetivo de auxiliar nas decisões, bem como melhorar a literacia financeira nos portugueses.

As vossas soluções vão apostando nas duas frentes: digital e física. O que continua a afastar os portugueses da resolução das suas questões apenas pela via digital?

O Doutor Finanças tem apostado sempre no digital e não deixará de o fazer. Contudo, sabemos que muitos portugueses continuam a privilegiar o tratamento de processos de crédito e a entrega de documentos de forma presencial. Muitas pessoas continuam a preferir reunir-se presencialmente e esclarecer as questões desta forma. Esta preferência tem várias justificações: umas pessoas porque gostam efetivamente de fazer as coisas presencialmente, porque lhes dá uma sensação de maior proximidade e confiança, outras porque não estão confortáveis, ou não sabem mesmo usar as tecnologias.

E porque o que pretendemos é ajudar as famílias portuguesas, nada melhor do que conciliar as duas vertentes e estar mais próximo de todos, com uma equipa multidisciplinar e preparada para ser parte da solução para as tomadas de decisões dos portugueses. A era digital chegou para ficar, é algo com o qual teremos de saber viver, mas queremos confortar todos os que continuam a privilegiar a presença física para tratar destas questões que são delicadas.

Da experiência no terreno, como avalia o impacto da pandemia na gestão financeira dos portugueses? O que mais os preocupa neste momento?

Temos mais do que uma situação. Temos as pessoas que perderam rendimentos, devido ao lay-off ou desemprego, e que estão a sentir um efeito direto no seu orçamento. Nestes casos a maior preocupação que têm é garantir que chegam ao final do mês com dinheiro para pagarem todas as suas contas. E depois temos as pessoas que mantiveram os seus rendimentos e que, por isso, não estão a ser afetadas. Mas que também têm alguns receios devido à incerteza que impera. Nestes casos, as maiores preocupações que têm sido partilhadas é o que é que acontece se perderem rendimentos, nomeadamente como evitar entrar em incumprimentos junto dos bancos.

Este contexto levou mesmo a que o Governo lançasse um conjunto de medidas para reduzir a pressão sobre as famílias, nomeadamente as moratórias nos créditos, pelo que durante alguns meses os portugueses sabem que se estiverem numa situação de maior fragilidade têm aqui algum alívio.

Independentemente da situação em que está cada pessoa, é fundamental contrariarmos o que é um hábito entre a maioria das famílias, que não faz convenientemente o seu orçamento familiar e não consegue descortinar quais as melhores opções para reduzir despesas. É nesta ponto que algumas famílias caem na tentação de contrair mais créditos e de se endividarem, nomeadamente através dos cartões de crédito. É assim que muitas vezes entram num processo de endividamento que se torna difícil de solucionar. Para evitar estas situações, o que recomendamos é que falem com especialistas e peçam ajuda antes de chegarem a uma situação limite, seja com o banco, seja com um intermediário de crédito.

Como perspetiva que evolua este quadro no segundo semestre?

Acreditamos que no segundo semestre não deverão ocorrer muitas alterações. O contexto será semelhante, uma vez que irão manter-se as moratórias no crédito habitação, as empresas que pediram apoios estatais devem manter os postos de trabalho e dificilmente haverá vacina preventiva ou tratamento eficaz e testado que possa terminar com o processo de infeção. É expectável que o desemprego continue a aumentar, que as contas públicas se deteriorem e que a economia seja pouca dinâmica, haja pouco consumo e menor capacidade de compra por parte das famílias.

É fundamental que todos possam orçamentar as suas finanças pessoais, criem poupança para responder às situações não previstas que nos ocorrem diariamente, não contraiam créditos sem ponderar a melhor solução e melhorem a sua literacia financeira para poderem minimizar as potenciais más decisões. Este é mais um dos motivos que torna essencial a a nossa presença em todo o território. Desta forma podemos estar sempre por perto e, de forma gratuita, disponíveis para ajudar.