Explicador: Que impacto têm as primeiras decisões de Donal Trump nos mercados financeiros?

Antes de tomar posse novamente como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump já tinha anunciado uma série de decisões que poderão afetar vários setores, especialmente a imigração, o funcionamento do Estado e a política internacional.

A análise do impacto destas medidas nos mercados financeiros mostra que, embora algumas iniciativas anteriores de Trump tenham sido amplamente mediáticas, elas não resultaram em mudanças económicas significativas. Contudo, as primeiras decisões podem ter um impacto importante na economia global e nas taxas de câmbio.

Entre as medidas mais esperadas está a intensificação da construção do muro na fronteira com o México. A ordem executiva, que visa restringir o fluxo de imigrantes, poderá “afetar diretamente a taxa de câmbio do peso mexicano”, de acordo com os analistas da XTB.

Outro ponto em destaque é a questão do TikTok. Após uma proibição imediata da rede social nos Estados Unidos, Trump anunciou a suspensão da medida por 90 dias. O novo Presidente também manifestou interesse em promover o controlo dos EUA sobre a aplicação, com uma proposta de criação de uma empresa conjunta entre a Byte Dance, de origem chinesa, e uma entidade norte-americana.

A redução de impostos continua a ser uma prioridade para a nova administração. Trump pretende prorrogar a Lei da Redução dos Impostos e do Emprego, além de propor cortes adicionais, como uma redução do IRC para 15%. A XTB destaca que “a redução só beneficiaria as empresas que produzem nos EUA.” A intenção de criar um gabinete para cobrar impostos sobre lucros de empresas americanas no exterior também pode ser impactada pela necessidade de aprovação do Congresso.

A imposição de tarifas pesadas a países com os quais os EUA mantêm trocas comerciais foi uma promessa de Trump durante a sua campanha presidencial. As tarifas propostas incluem 60% sobre os produtos chineses, 25% sobre os canadenses e mexicanos, e 10% sobre outros produtos estrangeiros. No entanto, a XTB alerta que “a imposição de tarifas elevadas pode aumentar as receitas orçamentais, mas, ao mesmo tempo, afetará os cidadãos com menos rendimentos, para quem os produtos básicos se tornarão mais caros.”

Na esfera geopolítica, Trump pretende pressionar a Rússia a negociar sobre a Ucrânia. O novo secretário do Tesouro, Scott Bessent, sugere sanções severas contra a Rússia, que podem afetar o setor petrolífero, principalmente em relação a empresas como a Rosneft e a Lukoil. A XTB observa que “as sanções dos EUA poderão conduzir a graves problemas de resolução e mesmo de transporte, se a NATO controlar estreitos marítimos estratégicos.” Isso poderá gerar um aumento nos preços do petróleo, podendo ultrapassar os 100 dólares por barril.

Trump também pretende abandonar as políticas de carbono do Tratado de Paris, em linha com a decisão de 2017, e apoiar a indústria de combustíveis fósseis dos EUA. A XTB salienta que, “o impacto destas decisões está dependente de outros fatores, como as sanções aplicadas à Rússia e o impacto na produção da OPEP.”

Quanto à moeda americana, o dólar, os analistas da XTB apontam que, apesar das possíveis ordens executivas de Trump, “é pouco provável que as próximas ordens executivas afetem muito a moeda mais importante do mundo.” No entanto, Trump também está interessado nas criptomoedas e pode liderar a sua popularização nos EUA. Embora ainda seja cedo para uma regulamentação mais clara, a XTB observa que “Trump já beneficiou de uma onda de especulação sobre a popularização das criptomoedas antes de se tornar presidente.”

No geral, Wall Street parece otimista em relação às novas políticas fiscais de Trump. Contudo, e como alerta a XTB, “muitas das promessas já conhecidas exigem a aprovação do Congresso, o que, mesmo com os republicanos no poder, poderá atrasar ou até mesmo impedir a implementação de algumas medidas.”