Ex-presidente da Inapa diz que foram procuradas alternativas ao desfecho da empresa
O antigo presidente executivo da Inapa, Frederico de Moser Lupi, garantiu hoje no parlamento que procuraram no mercado alternativas ao desfecho da empresa e que a Parpública acompanhou “sempre” a atividade da empresa.
“Procurámos alternativas no mercado várias vezes. […] Eu próprio tomei a iniciativa de procurar um investidor que estivesse interessado em participar no capital da Inapa”, assegurou o gestor durante a audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, por requerimento do Chega.
Frederico de Moser Lupi revelou ainda que houve pelo menos 188 registos de interações entre a gestão da Inapa e a Parpública, gestora das participações estatais a quem remeteram “no total sete pedidos de financiamento”, desde 2020, contou.
A Inapa acabou por apresentar um pedido de insolvência em julho devido a uma “carência de tesouraria de curto prazo” da sua subsidiária Inapa Deutschland GmbH no montante de 12 milhões de euros, para a qual não foi encontrada solução.
No entanto, Frederico de Moser Lupi garantiu hoje que os “acionistas privados acordaram participar nessa solução de curto prazo”.
Em 24 de julho, em resposta à Lusa, o Ministério das Finanças disse que só soube da “situação crítica” em que estava a Inapa em 11 de julho (aquando da suspensão das ações) e que foi aí que convocou a Parpública, que explicou que a Inapa tinha pedido uma injeção de 12 milhões de euros para necessidades de tesouraria imediatas na operação na Alemanha quando já tinha um pedido de 15 milhões de euros para reestruturação.
Perante essas informações, foram pedidos pareceres à Parpública, à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM), afirmando as Finanças que as três entidades concluíram que “a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.
Na audição de hoje, o antigo presidente executivo da distribuidora de papel revelou que enviou por três vezes um email a pedir uma reunião urgente com o secretário de Estado das Finanças, sendo que não obteve resposta aos primeiros dois pedidos.
Instado a explicar o que provou a falha de tesouraria na operação da Alemanha, que desencadeou o desfecho da insolvência, Frederico de Moser Lupi defendeu que se trata de “um negócio em que existe sazonalidade”.
“O que se verificou na Alemanha, após 2023, é que verificámos que plano reestruturação tinha de ser reforçado devido às quebras da venda de papel. Desenhámos um novo plano que previa a redução de 14 espaços logísticos para um total de sete e despedimentos” de dezenas de trabalhadores, contou o responsável.
No entanto, em maio a empresa terminou o mês com quebras de vendas de 14%, devido “à sazonabilidade” e a gestão da Inapa à data foi “informada” pelos responsáveis da operação alemã que havia falta de tesouraria.
O antigo administrador lembrou ainda que estes números eram auditados por “uma empresa independente”, referindo-se à PwC.
O pedido de insolvência foi apresentado no final de julho de 2024 junto do Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste.
Em agosto, as Finanças demitiram a administração da Parpública, liderada por José Realinho de Matos, e escolheram Joaquim Cadete para lhe suceder.
A saída foi justificada com a existência de uma postura mais reativa do que preventiva da administração, bem como com a falta de prestação de informação atempada ao ministério, segundo o Jornal de Negócios.
O requerimento do Chega inclui também o pedido de audição do ex-presidente da Parpública, José Realinho de Matos, que vai ser ouvido hoje, e do atual secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes.