Europa a duas velocidades: Finlândia inaugura maior reator nuclear do continente, Alemanha fecha as três últimas centrais

O maior reator nuclear da Europa, o Olkiluoto 3, no sul da Finlândia, começou a operar este domingo, horas depois de a maior potência nuclear europeia, a Alemanha, ter fechados as suas três últimas centrais nucleares. A curiosidade é demonstrativa de uma Europa a duas velocidades no que diz respeito à energia nuclear – países como a Finlândia, Polónia ou França fazem uma aposta clara, já Alemanha e Espanha estão a ‘desligar’ desta fonte de produção de eletricidade.

A operadora da OL3, Teollisuuden Voima (TVO), de propriedade da concessionária finlandesa Fortum e um consórcio de empresas industriais e de energia, disse que a unidade deve responder a cerca de 14% da procura de eletricidade da Finlândia quase imediatamente, reduzindo as importações da Suécia e da Noruega. Espera-se que o novo reator produza energia durante pelo menos 60 anos, segundo revelou a TVO em comunicado, após concluir a transição dos testes para a produção regular.

“A produção de Olkiluoto 3 vai estabilizar o preço da eletricidade e é uma parte importante da transição verde da Finlândia”, disse o CEO da empresa, Jarmo Tanhua. A construção do reator foi um pesadelo para o consórcio Areva-Siemens: começou em 2005 e as obras terminaram com 13 anos de atraso, com um custo final estimado de cerca de 11 mil milhões de euros, quase quatro vezes mais do que o orçamentado.

A Finlândia foi o primeiro país da União Europeia a aumentar a sua capacidade de geração de energia atómica após o acidente nuclear de Chernobyl (Ucrânia), tendo por objetivo reduzir a sua dependência energética da Rússia e reduzir as emissões de dióxido de carbono.

O país nórdico pretende terminar dentro de dois anos a construção de Onkalo, o primeiro repositório geológico profundo do mundo para depositar permanentemente os seus resíduos radioativos.