Estudo sugere integração da saúde reprodutiva nos currículos do secundário em Portugal

Um estudo europeu sugere que a saúde reprodutiva deve integrar os currículos do ensino secundário em Portugal, revelou hoje uma das investigadoras portuguesas do projeto, cujas conclusões serão entregues no Parlamento Europeu em março.

Executive Digest com Lusa
Janeiro 14, 2025
12:59

Um estudo europeu sugere que a saúde reprodutiva deve integrar os currículos do ensino secundário em Portugal, revelou hoje uma das investigadoras portuguesas do projeto, cujas conclusões serão entregues no Parlamento Europeu em março.

Segundo o estudo europeu, os jovens portugueses consideram o seu conhecimento sobre saúde reprodutiva limitado, mas mostram grande interesse em aprender mais.

“Faz todo o sentido rever conteúdos de saúde reprodutiva e incluí-los nos currículos do ensino secundário em Portugal”, afirmou Ana Galhardo, uma das investigadoras portuguesas do projeto.

O Fertility Awareness Project é uma iniciativa desenvolvida pela Fertility Europe e associações nacionais da Bulgária, Noruega, Polónia e, no caso de Portugal, pela Associação Portuguesa de Fertilidade, para responder a problemas de infertilidade e recuo demográfico europeu.

Os resultados, que serão apresentados no Parlamento Europeu em março, contêm dados pertinentes para políticas públicas que aumentem a literacia em saúde reprodutiva.

“Incluir o tema nos programas será, não só uma medida educativa, mas também uma ferramenta para os jovens portugueses poderem ter, com autonomia, os filhos que desejam”, defendeu a psicóloga, investigadora e docente do Instituto Superior Miguel Torga, de Coimbra.

Segundo Ana Galhardo, da primeira fase deste estudo emerge a ideia de que em Portugal os adolescentes estão interessados em saber mais acerca da sua fertilidade e dos fatores que a podem influenciar.

“Faz parte da formação integral das novas gerações capacitá-las para tomarem decisões conscientes sobre a sua vida reprodutiva, num contexto de crescente preocupação com a evolução demográfica da Europa e, sobretudo, de Portugal”, sustentou.

O estudo, que envolveu adolescentes entre 15 e 18 anos, frisou a importância de compreender fatores que influenciam a fertilidade, como a idade, estilos de vida e saúde sexual e reprodutiva, para decisões informadas.

“Apesar de considerarem o seu conhecimento inicial reduzido, os jovens demonstraram grande interesse em aprofundar o tema”, indicou.

O estudo aponta ainda que é essencial educar adolescentes, de ambos os sexos, sobre fertilidade e fatores que a afetam, nomeadamente os relacionados com o estilo de vida: consumo de álcool e tabaco, drogas, exercício físico, obesidade ou baixo peso e infeções sexualmente transmissíveis.

“Incluir este tema no currículo das escolas não é apenas uma medida educativa: pode ser também uma ferramenta decisiva para os jovens gerirem a sua saúde reprodutiva com autonomia de decisão e poderem ter os filhos que desejam”, defendeu.

Ana Galhardo alertou ainda para o declínio recorde de 5,5% nos nascimentos na União Europeia em 2023, “o nível mais baixo da última década, segundo o Eurostat”.

“Educar os jovens sobre saúde reprodutiva e fertilidade é uma das medidas essenciais para reverter este cenário e garantir uma recuperação demográfica sustentável na Europa”, afirmou.

O projeto permitiu ainda desenvolver o jogo educativo FActs!, criado pela Fertility Europe, com o apoio da European Society for Human Reproduction and Embryology, e que “combina entretenimento com aprendizagem ativa, ajudando os jovens a aprofundar conhecimentos sobre fertilidade de forma envolvente e interativa”.

Neste âmbito, os adolescentes participantes destacaram a eficácia de abordagens digitais, como jogos educativos e plataformas ‘online’, para tornar o tema mais apelativo.

Em Portugal, os jovens consideraram o FActs! uma “excelente iniciativa de aprendizagem”, valorizando aspetos como a competitividade, o design gráfico, o elemento lúdico e a disponibilização de um ‘website’ com informações adicionais.

“A inclusão de temas de saúde reprodutiva no ensino formal não só contribui para a prevenção de problemas como a infertilidade, mas também reduz custos para os sistemas de saúde e apoia as famílias na concretização dos seus objetivos reprodutivos”, concluiu.

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